Trump legitima Putin e deixa a Ucrânia em xeque
Encontro no Alasca expôs alinhamento simbólico entre os líderes e abriu espaço para o Kremlin ganhar tempo diante das sanções ocidentais
O encontro de Donald Trump com Vladimir Putin, em Anchorage, terminou sem anúncio concreto de cessar-fogo, mas rendeu ao presidente russo algo mais valioso do que qualquer cláusula assinada: legitimidade diante da maior potência do planeta. Para analistas ouvidos pelo G1, o saldo da reunião mostra como o Kremlin soube manejar com habilidade a bajulação e aproveitar-se do estilo performático de Trump.
Recebido com tapete vermelho e aplausos na base militar americana, Putin saiu fortalecido e com fôlego para tentar contornar tarifas e sanções que pressionam a economia russa. O gesto contrasta com a condição delicada do mandatário, ainda procurado pelo Tribunal Penal Internacional por crimes de guerra.
Trump, por sua vez, ofereceu palco para que Putin reforçasse narrativas caras à sua base interna, inclusive a de que a invasão à Ucrânia não teria ocorrido sob sua presidência e de que as eleições de 2020 foram fraudulentas. Essa combinação, avalia o G1, representou um duplo ganho para o russo: prestígio internacional e enfraquecimento das pressões ocidentais.
Ausência de resultados concretos
O encontro de três horas foi descrito como “produtivo” por ambos os lados, mas as declarações se limitaram a generalidades. Trump resumiu com a frase “não há acordo até que haja acordo”, enquanto Putin preferiu apontar para “um ponto de partida” nas negociações.
Na prática, a responsabilidade pelo avanço foi jogada nas costas do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky. Trump antecipou que irá pressioná-lo em Washington a buscar um entendimento: “Cabe agora ao presidente Zelensky fazer isso. A Rússia é uma potência muito grande e eles não são”, disse à Fox News.
Implicações globais
Para especialistas, a cena expõe como Trump escolhe alinhar-se à narrativa russa em detrimento das alianças europeias e da própria OTAN. Putin, atento, ainda aproveitou a ocasião para advertir que líderes europeus poderiam sabotar um eventual acordo.
Ao fim, não houve cessar-fogo, mas ficou evidente que Moscou ganhou tempo. O encontro no Alasca pode não ter encerrado a guerra, mas fortaleceu a percepção de que Trump abre espaço político para o Kremlin enquanto a Ucrânia permanece em um campo de batalha desigual.
Com informações e Repercussão de G1
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