Na madrugada desta quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, publicou em sua rede social Truth Social um vídeo gerado por inteligência artificial que transforma a Faixa de Gaza em um resort ostentoso. Sob a legenda “Gaza 2025”, a montagem mostra arranha-céus, praias lotadas de iates e uma estátua gigante de Trump em ouro, enquanto o premiê israelense Benjamin Netanyahu relaxa em uma piscina e Elon Musk distribui dólares a crianças. Sem comentários na postagem, o vídeo reflete a proposta de Trump de que os EUA ocupem o território palestino e o convertam em uma “Riviera do Oriente Médio”, desalojando seus habitantes.
A produção começa com uma cena dramática: uma criança entre escombros, remetendo à guerra entre Israel e o Hamas que, desde outubro de 2023, já deixou mais de 48 mil mortos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza. A legenda “What’s next?” (O que vem depois?), em cores da bandeira americana, introduz uma transição para um cenário de prosperidade artificial. Soldados emergem de túneis para um ambiente de construções modernas, seguidos por uma mulher e crianças que chegam a uma praia repleta de palmeiras e hotéis de luxo.
A narrativa segue com ruas turísticas, dançarinos em trajes de odaliscas e Musk em momentos descontraídos — comendo na areia e jogando dinheiro ao ar, cercado por foliões com taças de espumante. Um menino segura um balão com o rosto de Trump, que aparece dançando em uma discoteca com uma mulher não identificada, sem a presença de Melania Trump. O ponto alto é a estátua dourada do presidente, erguida em uma avenida, e um prédio com o letreiro “Trump Gaza”. A trilha sonora, em inglês, repete “Trump vai te libertar”, encerrando com Trump e Netanyahu em espreguiçadeiras à beira de uma piscina, sob a placa “Trump Gaza”.
A ideia, defendida por Trump em um encontro com Netanyahu em Washington no início de fevereiro, prevê a ocupação americana de Gaza após o conflito e a expulsão de seus mais de 2 milhões de moradores. A proposta gerou revolta global. Líderes internacionais condenaram a visão como insensível e impraticável, enquanto a agência de direitos humanos da ONU alertou que desalojar os palestinos seria um crime de guerra. A guerra, em seu 15º mês, devastou o território, tornando a visão de um resort um contraste gritante com a realidade atual.
O vídeo, embora fictício, reacende debates sobre as intenções de Trump na geopolítica do Oriente Médio, misturando provocação, megalomania e tecnologia de IA em uma narrativa que já circula intensamente nas redes.
