Governo alega preocupações com fraudes e segurança para interromper programas que beneficiavam centenas de milhares de imigrantes. Especialistas alertam para impactos humanitários e diplomáticos.
O governo do presidente Donald Trump suspendeu os pedidos de imigração de ucranianos e latino-americanos que haviam sido admitidos nos Estados Unidos por meio de programas criados durante a administração de Joe Biden. A informação foi divulgada pela rede americana CBS News na noite de terça-feira (18), citando fontes do governo e documentos internos.
A medida afeta um número ainda desconhecido de imigrantes que ingressaram legalmente no país sob políticas destinadas a proporcionar proteção humanitária e a reduzir o fluxo de travessias irregulares na fronteira com o México. Entre os programas impactados está o “Unindo pela Ucrânia” (Uniting for Ukraine), criado para acolher ucranianos fugindo da guerra com a Rússia. Desde 2022, cerca de 240 mil ucranianos foram admitidos nos EUA sob essa iniciativa.
Outro programa afetado é o CHNV (Cuban, Haitian, Nicaraguan, and Venezuelan Parole Program), que permitiu a entrada de aproximadamente 530 mil cubanos, haitianos, nicaraguenses e venezuelanos. Além disso, processos específicos que facilitavam a reunião de colombianos, equatorianos, centro-americanos e cubanos com parentes nos EUA também foram interrompidos.
Motivos e repercussão
De acordo com as fontes consultadas pela CBS News, a administração Trump justificou a suspensão sob alegação de riscos de fraudes e preocupações com a segurança nacional. A decisão, no entanto, gerou reações imediatas entre defensores de direitos humanos e especialistas em política migratória.
“A paralisação desses programas compromete a segurança de milhares de pessoas que buscaram proteção nos EUA de forma legal”, alertou Steve Yale-Loehr, professor de Direito Migratório da Universidade Cornell, em entrevista à emissora. “Além disso, afeta a credibilidade do país na arena internacional ao enfraquecer compromissos humanitários assumidos anteriormente.”
No Congresso, democratas e grupos de defesa de imigrantes criticaram a decisão. A deputada Pramila Jayapal (D-WA), presidente do Comitê Progressista da Câmara, chamou a medida de “um retrocesso desumano”. “O governo Trump está colocando em risco vidas de refugiados que seguiram as regras estabelecidas pelo próprio governo americano”, afirmou em um comunicado.
Por outro lado, setores conservadores comemoraram a suspensão. O senador republicano Tom Cotton (R-AR) elogiou a ação e argumentou que os programas anteriores “facilitavam abusos e ameaçavam a segurança nacional”. “Estamos restabelecendo o controle sobre quem entra no país”, declarou.
Impactos e próximos passos
Os imigrantes afetados pelos programas suspensos haviam recebido permissão temporária de permanência nos EUA por até dois anos, com direito a autorização de trabalho e proteção contra deportação. Muitos deles estavam no processo de solicitar status de residente permanente (green card) ou outras formas de regularização.
Ainda não está claro se o governo oferecerá alternativas para aqueles que perderem suas proteções temporárias. Advogados especializados em imigração orientam os afetados a consultarem especialistas para avaliar possíveis soluções legais.
A decisão também pode ter desdobramentos diplomáticos, especialmente no que diz respeito à relação dos EUA com a Ucrânia e países da América Latina. “Isso pode gerar tensões com aliados, especialmente com a Ucrânia, em um momento crítico da guerra contra a Rússia”, apontou a analista de relações internacionais Fiona Hill em entrevista à BBC.
A Casa Branca ainda não se pronunciou oficialmente sobre a medida. Especialistas aguardam mais detalhes sobre a implementação da suspensão e se haverá exceções para determinados grupos vulneráveis.
Fontes:
- CBS News
- BBC News
- Universidade Cornell
- Declarações oficiais de parlamentares dos EUA