A história de Rubens Paiva é um dos capítulos mais sombrios da ditadura militar brasileira. Deputado cassado e perseguido político, foi sequestrado, torturado e assassinado nos porões do DOI-CODI do Rio de Janeiro em 1971. Seu corpo, até hoje, não foi encontrado. A ausência física de Rubens Paiva, no entanto, foi acompanhada por uma ausência ainda mais dolorosa: a de justiça.
A luta por respostas e por justiça recaiu sobre os ombros de sua esposa, Eunice Paiva. Uma mulher que, diante da dor da perda, transformou sua dor em força e dedicou sua vida a desvendar o mistério do desaparecimento de seu marido e a buscar reparação para sua família. Eunice Paiva tornou-se um símbolo da resistência e da luta por verdade, inspirando milhares de familiares de desaparecidos políticos em todo o país.
A jornada de Eunice foi marcada por inúmeros desafios. A burocracia estatal, a falta de informações e a impunidade eram apenas alguns dos obstáculos que ela precisava superar. A cada passo, encontrava novas barreiras e novas perguntas sem respostas. No entanto, sua determinação era inabalável. Com coragem e resiliência, ela enfrentou as autoridades, pressionou por investigações e não se deixou silenciar.
A criação do Arquivo Nacional, que abriga documentos sobre a repressão política, foi uma importante conquista obtida graças à insistência de Eunice Paiva e de outros familiares de desaparecidos. Esse acervo documental, embora incompleto, revelou detalhes sobre os crimes cometidos pela ditadura e permitiu que a história de Rubens Paiva fosse, aos poucos, reconstruída.
A decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que limitou o valor da indenização à família Paiva, foi um duro golpe para aqueles que buscavam justiça e reparação pelos crimes da ditadura. Ao restringir o valor da indenização, o STJ enviou um sinal ambíguo sobre o compromisso do Estado brasileiro com a memória e os direitos das vítimas. Essa decisão gerou debates acalorados na sociedade civil, com críticos argumentando que ela desvaloriza o sofrimento das famílias e mina a credibilidade do processo de transição para a democracia.
A história de Rubens Paiva transcende o âmbito individual e se conecta com a luta por justiça de milhares de famílias que tiveram seus entes queridos desaparecidos durante a ditadura. A impunidade e a falta de reconhecimento do Estado para com as vítimas são feridas abertas que precisam ser curadas. A memória de Rubens Paiva nos lembra a importância de manter viva a luta por verdade e justiça, para que crimes como esses nunca mais se repitam.
A luta por justiça é uma luta constante. A história de Eunice Paiva nos inspira a continuar buscando a verdade e a exigir um país mais justo e democrático. A decisão do STJ, embora tenha sido um passo importante no reconhecimento do sofrimento da família Paiva, não foi suficiente para reparar integralmente os danos causados. A busca por justiça continua, e a sociedade civil deve continuar pressionando o Estado para que os responsáveis pelos crimes da ditadura sejam responsabilizados e para que as vítimas e seus familiares sejam devidamente indenizados.
A história de Rubens Paiva é um lembrete de que a luta por justiça é um processo lento e árduo, mas que nunca deve ser abandonada. A memória de Rubens Paiva e de outras milhares de vítimas da ditadura nos inspira a continuar a luta por um futuro mais justo e democrático para todos.