Estrutura de balsa desaba em Cabedelo, assustando passageiros. Substituição evita interrupção, mas declaração do DER-PB minimiza riscos alarmantes.
Na manhã desta quinta-feira (6), os passageiros que utilizavam a balsa para realizar a travessia entre Cabedelo e Lucena, na Paraíba, passaram por momentos de tensão quando uma das rampas de acesso da embarcação desmoronou durante a navegação. Operada pela Nordeste Navegações sob supervisão do Departamento de Estradas de Rodagem da Paraíba (DER-PB), a balsa transportava pedestres, ciclistas e veículos no momento do incidente, que, por pouco, não se transformou em uma tragédia.
Um Incidente com Potencial Devastador
O colapso ocorreu quando a estrutura de ferro que sustentava a rampa de acesso cedeu, caindo parcialmente no Rio Paraíba. Felizmente, no momento exato do desabamento, a rampa não estava em uso ativo por pedestres ou veículos, o que evitou ferimentos ou danos materiais. No entanto, a gravidade do incidente é inegável: caso a rampa estivesse sendo utilizada — uma situação comum durante o embarque ou desembarque —, o resultado poderia ter sido catastrófico, com risco de quedas no rio, lesões graves ou até mortes.
Imagens divulgadas nas redes sociais mostram a estrutura danificada, com sinais visíveis de ferrugem, sugerindo que a corrosão pode ter contribuído para a falha. Passageiros relataram o susto a bordo. “O barulho foi ensurdecedor, e a balsa chegou a balançar. Pensei que algo pior ia acontecer”, contou um usuário que preferiu não se identificar. A tripulação agiu rapidamente, posicionando a embarcação de ré para permitir o desembarque seguro pela rampa oposta, uma manobra que evitou transtornos imediatos.
Resposta da Operadora e Substituição Rápida
A balsa foi retirada de circulação logo após o incidente, e a Nordeste Navegações, empresa responsável pela operação do serviço, disponibilizou outra embarcação para substituir a unidade avariada. A substituição garantiu a continuidade da travessia, essencial para moradores e turistas que dependem do transporte aquaviário entre as duas cidades, especialmente em um período pós-Carnaval de alta demanda. Contudo, até o fechamento desta matéria, a Nordeste Navegações não emitiu uma declaração oficial sobre o ocorrido, deixando dúvidas sobre as causas do colapso e as medidas preventivas que serão adotadas.
O DER-PB, órgão estadual que fiscaliza o contrato com a operadora, confirmou a abertura de uma investigação em parceria com a Capitania dos Portos para apurar o caso. A expectativa é que o laudo técnico revele se o problema foi resultado de falhas na manutenção, desgaste natural ou outros fatores, como sobrecarga ou erro operacional.
Declaração Polêmica do DER-PB
Antonio Fleming, gerente de Transportes do DER-PB, foi o porta-voz oficial sobre o incidente. Em entrevista à rádio CBN João Pessoa, ele afirmou: “O que ocorreu não foi nada que prejudicou a navegabilidade. O suporte da rampa de acesso quebrou. Não houve nenhum tipo de dano aos veículos e às pessoas.” A declaração, que busca tranquilizar a população, foi recebida com críticas por minimizar a gravidade do evento.
Tratar o desabamento de uma estrutura essencial como um inconveniente menor é preocupante, especialmente diante do risco iminente que o incidente representou. Se a rampa estivesse em uso no momento do colapso, o desfecho poderia ter sido trágico, e a postura de Fleming soa como uma tentativa de normalizar uma falha que expôs fragilidades no sistema de transporte. Especialistas apontam que a presença de ferrugem visível na estrutura sugere negligência na manutenção, algo que o DER-PB, como fiscalizador, deveria ter identificado previamente.
Responsabilidade e Fiscalização em Xeque
A Nordeste Navegações, contratada via licitação pelo DER-PB, tem a obrigação legal de manter as balsas em condições seguras, realizando inspeções regulares e reparos preventivos. A Capitania dos Portos, responsável pela certificação marítima, também integra a cadeia de supervisão, mas a ausência de problemas graves relatados anteriormente não exime a necessidade de um escrutínio rigoroso agora. A investigação em curso será crucial para determinar se houve falha humana, descuido estrutural ou falta de fiscalização adequada.
A travessia entre Cabedelo e Lucena é um serviço vital na região, transportando, em média, 34 mil passageiros e 18 mil veículos por mês, segundo dados do DER-PB de 2019. Em períodos como o Carnaval, esses números crescem, aumentando a pressão sobre as embarcações. O incidente expõe a vulnerabilidade de uma infraestrutura que opera em condições adversas, como a exposição à água salgada, e levanta questionamentos sobre a periodicidade e a qualidade das inspeções realizadas.
Repercussão e Demandas da Comunidade
Nas redes sociais, moradores e usuários expressaram indignação e preocupação. Posts no X destacaram a tensão vivida pelos passageiros e cobraram explicações das autoridades e da operadora. A falta de um posicionamento oficial da Nordeste Navegações só amplifica a incerteza, enquanto a comunidade exige garantias de que a segurança será priorizada.
O incidente serve como alerta para a necessidade de investimentos em manutenção e fiscalização mais rigorosa. A sorte de não haver vítimas não pode ser confundida com eficiência operacional. O DER-PB e a Nordeste Navegações têm a responsabilidade de esclarecer os fatos, reparar as falhas e assegurar que a travessia, tão essencial para a Paraíba, não volte a colocar vidas em risco.