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Deputados pedem exoneração de secretário de Turismo de João Pessoa após fala sobre moradores de rua

Declarações de Vitor Hugo, que criticou a assistência a pessoas em situação de vulnerabilidade, geram forte reação na Assembleia Legislativa da Paraíba

As falas do secretário de Turismo de João Pessoa, Vitor Hugo, durante uma sessão especial na Câmara Municipal, provocaram intensa repercussão política nesta terça-feira (21). Deputados estaduais, entre eles Jutay Menezes (Republicanos) e Tião Gomes (PSB), cobraram publicamente a demissão do auxiliar do prefeito Cícero Lucena (MDB), após ele afirmar que “não é correto alimentar pessoas em situação de rua, para que o turismo não seja afetado”.

Em pronunciamento na Assembleia Legislativa da Paraíba, Jutay Menezes classificou as declarações como preconceituosas e desumanas. “O secretário fez um pronunciamento preconceituoso, um pensamento mesquinho e pequeno. Ele nunca soube o que é fome. Quem sabe o que é fome jamais vai se pronunciar em qualquer lugar pedindo para expulsar das ruas os pedintes e pessoas em vulnerabilidade, porque essas pessoas poderiam espantar turistas”, criticou o parlamentar, pedindo a retratação imediata do secretário e sua exoneração.

O deputado Tião Gomes, que presidia a sessão, endossou as críticas e também cobrou a saída de Vitor Hugo do cargo. “Um secretário que trata pessoas em situação de rua como um problema para o turismo não pode continuar representando o povo de João Pessoa”, afirmou o parlamentar do PSB.

As declarações de Vitor Hugo

Durante a sessão na Câmara Municipal, Vitor Hugo argumentou que alimentar pessoas em situação de rua seria um incentivo à permanência delas nas ruas. Segundo ele, a assistência oferecida por cidadãos e entidades faria com que essa população permanecesse vulnerável. “Quem mora no quarteirão de trás da praia não vê aquilo [moradores de rua] todo dia. Então não incomoda ele, mas agrada a ele ir lá e entregar o almoço, o jantar todos os dias. ‘Estou fazendo minha parte como cidadão’, e isso não é correto. Temos que ter esse olhar e entender que alimentar essas pessoas diariamente não é correto. Mas quem tem coragem para dizer isso perante a sociedade?”, afirmou o secretário.

Vitor Hugo ainda completou dizendo que “essas pessoas estão ali porque recebem café da manhã, lanche, almoço, lanche da tarde e jantar todos os dias, além de roupas, colchões e materiais de higiene”. A fala, reproduzida em vídeos e postagens nas redes sociais, foi amplamente criticada por organizações civis e representantes da sociedade, que classificaram o discurso como elitista e insensível diante da grave crise social que afeta as capitais brasileiras.

Reação e repercussão

As declarações geraram indignação entre parlamentares, movimentos sociais e entidades religiosas que atuam na assistência a pessoas em situação de rua. Em nota, integrantes da Pastoral do Povo de Rua e do Movimento Nacional da População de Rua defenderam que “alimentar e acolher quem tem fome e não tem onde morar é um dever humano e constitucional, não uma ameaça ao turismo”.

Nos bastidores, aliados de Cícero Lucena tentam conter o desgaste político, diante da pressão crescente na Câmara e na Assembleia Legislativa. Até o momento, o prefeito não se pronunciou oficialmente sobre o pedido de exoneração, mas assessores próximos afirmam que o caso está sendo avaliado internamente.

O episódio reacende o debate sobre políticas públicas voltadas para a população em situação de rua na capital paraibana, um tema que vem ganhando relevância diante do aumento visível dessa população nos últimos anos, sobretudo após a pandemia e a crise econômica.

Da redação, com informações do portal MaisPB

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