Do Sertão para o mundo: Jovem paraibana é aprovada em 7 universidades dos EUA

Alice Lourenço, de 20 anos, utilizou materiais gratuitos na internet para dominar o idioma e garantiu bolsa integral para estudar na Carolina do Norte.

A trajetória de Alice dos Santos Araújo Lourenço, de 20 anos, natural de Nova Olinda, no Sertão da Paraíba, tornou-se um exemplo potente de como a disciplina individual, aliada ao acesso à tecnologia, pode romper fronteiras geográficas e sociais. Entre 2023 e 2024, a estudante paraibana conquistou aprovação em sete universidades norte-americanas, um feito alcançado após aprender inglês de forma autodidata, utilizando apenas recursos gratuitos disponíveis na web.

Agora, Alice se prepara para embarcar rumo à University of North Carolina at Chapel Hill (UNC-Chapel Hill), onde cursará Ciência da Computação e Educação com bolsa integral.

A base no ensino público e o despertar para a ciência

A jornada acadêmica de Alice foi construída integralmente no ensino público. Ela concluiu o Ensino Médio Técnico em Informática no Instituto Federal da Paraíba (IFPB) – Campus Itaporanga. Foi neste ambiente que teve o primeiro contato estruturado com a tecnologia, participando de projetos de extensão e iniciação científica.

Durante o ensino médio, ao descobrir que estudantes brasileiros conseguiam bolsas no exterior, Alice percebeu que o caminho era possível, mas exigia uma ferramenta fundamental: o domínio do inglês. Sem recursos financeiros para cursos particulares ou intercâmbios, ela transformou a necessidade em método.

Autodidatismo digital

A estudante montou uma rotina rigorosa de estudos em casa. Utilizando vídeos no YouTube, aplicativos gratuitos, podcasts e sites de notícias internacionais, Alice criou um sistema de imersão.

“O inglês se tornou a chave”, relatou a jovem, que produzia resumos, revisava o próprio desempenho em planilhas e refazia exercícios até alcançar a fluência necessária. Em paralelo, manteve-se ativa em atividades acadêmicas no IFPB para fortalecer o currículo, requisito essencial no processo de candidatura (application) das universidades dos EUA.

Após o ensino médio, Alice dedicou um “ano sabático” exclusivamente para as candidaturas, contando com o apoio de mentorias gratuitas, como a da Academia Latino-Americana de Liderança (LALA), para refinar redações e organizar a documentação.

A escolha pela Carolina do Norte

O esforço resultou em cartas de aceite de instituições de peso, incluindo a University of Colorado at Boulder, University of Wisconsin–Madison e a canadense University of British Columbia. Ao todo, foram sete aprovações.

A escolha pela UNC-Chapel Hill foi estratégica. A universidade está situada no Research Triangle, uma região conhecida pela concentração de empresas de tecnologia e inovação. Além da vaga, Alice conquistou uma bolsa integral da Fundação Behring, que cobre mensalidades, moradia e alimentação.

Olhando para o futuro, a jovem planeja retornar ao Brasil após a graduação. Seu objetivo é atuar em iniciativas que ampliem o acesso de meninas e estudantes de baixa renda às áreas de ciência e tecnologia, combatendo a desigualdade de oportunidades que ainda marca regiões como o Vale do Piancó.

Da redação do Movimento PB

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