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Paraibana é Investigada por Fraude Milionária no Farmácia Popular e Ligação com o Tráfico de Drogas

Uma mulher com endereço registrado em João Pessoa desponta como figura central em um dos maiores esquemas de fraude já descobertos contra o programa Farmácia Popular. Célia Aparecida de Carvalho é apontada pela Polícia Federal como peça-chave para desvendar uma complexa rede criminosa que, além de desviar milhões, financiava o tráfico internacional de cocaína vinda da Bolívia e do Peru. Embora não movimentasse grandes quantias em seu nome diretamente, suas conexões telefônicas e empresariais foram cruciais para expor a engrenagem ilícita.

O Fio da Meada: Farmácias de Fachada e Lavagem de Dinheiro

A investigação revelou que Célia fornecia os CNPJs de farmácias, revendia cadastros prontos e intermediava negócios com outros membros da quadrilha. Seu telefone, com registro em João Pessoa, estava vinculado a uma farmácia que existia apenas no papel. Surpreendentemente, essa “drogaria fantasma” estava supostamente localizada em um terreno baldio, cercado por mato, na cidade de Águas Lindas (GO). Mesmo sem estrutura física, medicamentos ou funcionários, a falsa farmácia teria faturado centenas de milhares de reais em repasses públicos, evidenciando a audácia do esquema.

Célia operava como fornecedora para outros nomes da organização criminosa, incluindo Adriano Rezende Rodrigues, conhecido como “Adriano Tatu”. Ele era sócio de drogarias em São Paulo, e uma delas, por si só, teria desviado quase R$ 1 milhão do programa Farmácia Popular. A quadrilha utilizava Célia para movimentar essas farmácias de fachada e registrar negócios em nome de laranjas, sempre protegendo os líderes da cadeia criminosa.

Conexões com o Crime Organizado e Financiamento do Tráfico

Os investigadores descreveram Célia como uma peça estratégica na lavagem de dinheiro. Sua atuação conferia uma aparência de legalidade às empresas de fachada, permitindo que os recursos públicos fossem desviados dos cofres federais e, em seguida, abastecessem as operações do tráfico de drogas. Foi a partir das informações coletadas sobre ela que a Polícia Federal conseguiu rastrear os repasses e identificar as ligações entre o programa social e as atividades do Comando Vermelho nas fronteiras do Brasil.

O esquema envolvia o uso fraudulento de CPFs de pessoas inocentes para simular compras de medicamentos em farmácias fantasmas. Os supostos beneficiários nunca recebiam os medicamentos, mas a quadrilha lucrava com os desvios. Na outra ponta dessa complexa rede, o dinheiro obtido financiava a compra direta de cocaína de fornecedores ligados ao Clã Cisneros, no Peru. Enquanto as operações ilícitas se desenrolavam, Célia mantinha uma rotina aparentemente pacata em João Pessoa.

O inquérito revelou um desvio superior a R$ 40 milhões, envolvendo um total de 148 farmácias, tanto de fachada quanto reais, espalhadas por diversas regiões do país. A atuação de Célia Aparecida de Carvalho foi fundamental para desmascarar a amplitude dessa sofisticada fraude que unia desvio de recursos públicos e o financiamento do narcotráfico, com ramificações que se estendiam por todo o território nacional.

Da redação com informações do Fantástico da Rede Globo
[GME-GOO-21072025-1057-25F]

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