Polícia Civil da Paraíba Desmantela Esquema de Venda de Diplomas Falsos de Mestrado e Doutorado
Investigação no Curimataú paraibano revela que empresa usava parceria com universidade do Paraguai para enganar professores; três pessoas foram indiciadas por estelionato e associação criminosa.
Uma investigação da Polícia Civil da Paraíba concluiu um inquérito que desbaratou um esquema criminoso de comercialização de diplomas falsos de mestrado e doutorado em educação. Conduzido pelo delegado regional Francisco Iasley Lopes de Almeida, o trabalho expôs a atuação da empresa ESL Centro Educacional, que vendia cursos supostamente em parceria com a Universidad del Sol (Unades), do Paraguai, emitindo títulos sem qualquer validade legal. O delegado classificou o esquema como “crime organizado, com potencial ramificação nacional e internacional”.
O Barato que Sai Caro: Como o Golpe Funcionava
A fraude foi descoberta quando a prefeitura de Barra de Santa Rosa (PB) desconfiou de um diploma de doutorado apresentado por um professor, que simulava ter sido emitido pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). A UEL confirmou a falsificação e acionou o Ministério Público da Paraíba. A investigação da Polícia Civil encontrou a existência de ao menos 92 diplomas falsos apenas na região do Curimataú paraibano.
O esquema atraía as vítimas com mensalidades baixas, em torno de R$ 350, e a promessa de uma titulação internacional. “É o barato que sai caro”, resumiu o delegado Almeida.
Fraude Sofisticada e a Suspeita sobre Universidades
Segundo o delegado, que também é professor universitário com mestrado em Direito, a fraude evoluiu. Hoje, os golpistas utilizam instituições registradas no exterior, mas com donos e corpo docente brasileiros, para dar uma aparência de legalidade. Ele também levantou uma suspeita grave sobre o papel de algumas universidades brasileiras no processo de revalidação desses diplomas.
“É minha opinião pessoal, mas acredito que há uma relação comercial por trás disso. Há interesse financeiro claro: são cinco, oito, até dez mil reais por revalidação”, argumentou, lamentando o que chamou de um “ciclo perverso”. “O sistema se sabota ao legitimar a própria fraude”.
Vítimas, Não Cúmplices: A Visão da Polícia
Apesar da fraude, a investigação da Polícia Civil da Paraíba tratou os professores que compraram os cursos como vítimas. “Eles foram enganados. Houve aulas, exigência de produção científica, defesas. O cenário era de total regularidade aparente”, declarou o delegado Almeida.
Os Indiciados e o Andamento do Processo
Ao final do inquérito, três pessoas ligadas à ESL Centro Educacional foram indiciadas: o sócio-administrador, Emmanuel Neves de Medeiros, apontado como o principal articulador; o coordenador acadêmico, Pedro Henrique Ferreira de Oliveira; e a secretária acadêmica, Carla Dayane da Silva Rocha.
Os indiciamentos foram formalizados com base nos crimes de estelionato, falsidade ideológica, uso de documento falso e associação criminosa. Durante a investigação, a Justiça já havia determinado a busca e apreensão na sede da empresa, o bloqueio das contas dos investigados e a suspensão das atividades da ESL. O inquérito foi encaminhado ao Ministério Público, que decidirá sobre a denúncia formal.
A investigação da Polícia Civil da Paraíba representa um golpe significativo contra uma modalidade de crime organizado que se aproveita do sonho da titulação acadêmica, expondo as fragilidades do sistema de revalidação de diplomas e servindo de alerta para todo o país.
Da redação com informações do Extra Classe
Redação do Movimento PB [NMG-OOG-14092025-R4S5T6-15P]
Descubra mais sobre Movimento PB
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.