Bolsonaro alega violação de tornozeleira por ‘paranoia’ e ‘alucinação’ em audiência de custódia

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) gerou polêmica durante a audiência de custódia realizada no domingo (23/11) ao afirmar ter violado sua tornozeleira eletrônica devido a um estado de ‘paranoia’ e ‘alucinação’, supostamente provocado pelo uso de remédios. A declaração foi dada enquanto a insistente defesa do ex-presidente pedia a concessão de prisão domiciliar, argumentando que Bolsonaro apresentava ‘pensamentos persecutórios’.
Ele explicitou que estava utilizando dois medicamentos: a pregabalina, indicada para dores crônicas, e a sertralina, um antidepressivo para o tratamento de transtornos de humor. Segundo o ex-presidente, a combinação desses remédios resultou em efeitos adversos, levando-o a acreditar que a tornozeleira continha um dispositivo de escuta.
A audiência foi presidida por uma juíza auxiliar do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Em sua declaração, Bolsonaro mencionou que agiu por ‘temor’ e ‘sensação de perseguição’, motivando sua tentativa de remover o equipamento de monitoramento.
Na madrugada em que o incidente ocorreu, o ex-presidente admitiu ter utilizado um ferro de solda para tentar interferir em sua tornozeleira, mas interrompeu a ação voluntariamente e informou os agentes de monitoramento sobre o ocorrido. Alega que possui conhecimento sobre a operação desse tipo de equipamento.
Bolsonaro anunciou que a vigilância dos apoiadores não apresentava riscos de tumulto que pudesse facilitar uma hipotética fuga. Ele explicou que seu filho Flávio Bolsonaro havia convocado uma vigília a poucos metros de sua residência, mas assegurou que isso não afetava sua segurança.
A prisão preventiva do ex-presidente ainda passará por revisão pela 1ª Turma do STF, que fará uma sessão virtual extraordinária no próximo dia. Em coletiva de imprensa, o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi questionado sobre a situação de Bolsonaro e optou por não comentar decisões do STF, afirmando que o processo judicial já havia tomado seu curso natural.
Contradições e Confusões
O ex-presidente enfrentou dificuldades durante a audiência, onde sua defesa apresentou explicações contraditórias sobre a violação da tornozeleira. Em um momento, Bolsonaro alegou que a intervenção no dispositivo foi motivada por mera curiosidade e, em outro, pela influência de medicamentos. Essa confusão fez com que a juíza pedisse maiores esclarecimentos à defesa.
A defesa enfatizou que não houve tentativa de fuga ou desativação da tornozeleira, e que o ocorrido foi produto de uma confusão mental possivelmente desencadeada por medicamentos. Além disso, houve um pedido formal para reconsiderar a decisão de prisão preventiva e reintegrar a solicitação de prisão domiciliar devido à saúde delicada de Bolsonaro.
As tensões em torno deste caso refletem a pressão política e a polarização que cercam a figura de Bolsonaro, que, por sua vez, é considerado uma figura central na política nacional. Enquanto as disputas legais continuam, seus apoiadores também se mobilizam em sua defesa, evidenciando a divisão política no país.
A decisão do ministro Moraes de decretar a prisão preventiva baseou-se na preocupação de que a convocação de vigílias e o histórico de fuga de outros aliados de Bolsonaro poderiam representar um risco à ordem pública e à aplicação da justiça.
A expectativa é que as próximas reuniões da Suprema Corte definam não apenas o futuro de Bolsonaro em relação à sua prisão, mas também o rumo político que o Brasil poderá tomar em um contexto carregado de polarizações e conflitos sociais.
[Da redação do Movimento PB]
[ATON8N-MPB-2025-11-23T18:55:00.811Z-V19]
