Bolsonaro reúne apoiadores no Rio de Janeiro em ato por anistia aos presos do 8 de janeiro

Milhares de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro se reuniram na Praia de Copacabana neste domingo em um ato pedindo anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro de 2023. O evento contou com a presença do próprio Bolsonaro, de seus filhos Eduardo, Carlos e Flávio, além de autoridades políticas como os governadores Cláudio Castro (Rio de Janeiro), Tarcísio de Freitas (São Paulo), Jorginho Mello (Santa Catarina) e Mauro Mendes (Mato Grosso).

Organizado pelo pastor Silas Malafaia, o protesto seguiu o formato de manifestações anteriores, com carros de som e discursos de lideranças políticas e religiosas. O principal objetivo foi pressionar o Congresso Nacional a aprovar um projeto de lei que conceda anistia aos presos pelos atos que culminaram na invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, em Brasília.

Apoiadores de Bolsonaro na avenida

Durante os discursos, parlamentares como o senador Flávio Bolsonaro e o deputado Nikolas Ferreira criticaram o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, apontado por aliados do ex-presidente como responsável pelo endurecimento das penas impostas aos condenados. As críticas ao Judiciário foram recorrentes, assim como a defesa de uma revisão das decisões que levaram à prisão de centenas de manifestantes.

Bolsonaro e os desafios políticos e jurídicos

Bolsonaro, que enfrenta investigações por suspeita de liderar um grupo criminoso para minar o sistema eleitoral, nega todas as acusações. Além disso, o ex-presidente tenta reverter sua inelegibilidade imposta pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que o impede de disputar cargos públicos até 2030. Apesar do impedimento, Bolsonaro tem manifestado repetidamente seu desejo de concorrer à presidência em 2026.

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A manifestação em Copacabana ocorre um dia após a celebração dos 40 anos da redemocratização no Brasil, reforçando as tensões políticas entre diferentes setores da sociedade. Para o cientista político Thiago de Aragão, da consultoria Arko International, atos como esse fazem parte de uma estratégia de Bolsonaro para demonstrar força política e manter sua base mobilizada. “Sempre que um político enfrenta questões legais, ele organiza uma manifestação pública, mas isso dificilmente muda as decisões do tribunal”, avaliou Aragão.

Mobilização e impacto político

O evento reuniu familiares de presos que exibiram cartazes com os nomes dos condenados e pedidos de liberdade. Muitos manifestantes carregavam faixas com frases como “Liberdade para os presos políticos” e “Anistia já”.

Especialistas avaliam que, apesar da mobilização popular, a pressão exercida sobre o Congresso e o Judiciário pode não ser suficiente para alterar o cenário atual. Até o momento, não há sinais de que o STF ou o governo federal considerem ceder à demanda por anistia, e a base governista no Congresso tem se mostrado resistente a pautas dessa natureza.

A manifestação reafirma o peso político de Bolsonaro e seu grupo, mas também evidencia os desafios que o ex-presidente e seus aliados enfrentarão nos próximos anos. Enquanto tenta recuperar sua elegibilidade e afastar investigações, Bolsonaro segue apostando no apoio popular como ferramenta para manter sua relevância no cenário político brasileiro.

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