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Boulos critica criminalização das favelas e diz que “cabeça do crime organizado não está no barraco”

Em discurso de posse, novo ministro da Secretaria-Geral da Presidência aponta relação entre crime e lavagem de dinheiro nas elites financeiras

O novo ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos, afirmou nesta quarta-feira (29) que “a cabeça do crime organizado no Brasil não está no barraco de uma favela”. A declaração ocorreu durante sua cerimônia de posse no Palácio do Planalto, em Brasília, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ministros, parlamentares e lideranças de movimentos sociais.

Boulos destacou o orgulho de fazer parte de um governo que compreende a complexidade da criminalidade no país e criticou a visão que associa pobreza à violência. “Muitas vezes está na lavagem de dinheiro lá na Faria Lima, como nós vimos na operação Carbono Oculto da Polícia Federal”, afirmou, fazendo referência a investigações recentes sobre crimes financeiros e sonegação.

O ministro iniciou o discurso pedindo um minuto de silêncio pelas vítimas da megaoperação das forças de segurança do Rio de Janeiro nos complexos da Penha e do Alemão, que resultou em mais de 130 mortes, entre civis e policiais. A ação, batizada de Operação Contenção, mobilizou cerca de 2.500 agentes e foi conduzida após mais de um ano de investigação.

Repercussão política e institucional

A fala de Boulos repercute em meio ao intenso debate sobre a atuação das forças policiais nas comunidades. O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, já havia cobrado explicações do governador Cláudio Castro (PL) sobre o alto número de mortos e possíveis abusos de autoridade durante a operação.

Além de Boulos, outros membros do governo e parlamentares aliados criticaram a letalidade das ações. Para o ministro Gilmar Mendes, “é lamentável que operações dessa magnitude resultem em tamanha tragédia humana”, defendendo a necessidade de freios institucionais e maior controle sobre as incursões policiais.

Contexto e mensagem política

Ao associar o crime organizado às estruturas de lavagem de dinheiro e à elite financeira, Boulos reforçou um discurso de enfrentamento à desigualdade estrutural e à seletividade penal. O novo ministro assume a Secretaria-Geral da Presidência com a missão de fortalecer o diálogo com movimentos sociais e ampliar a participação popular nas decisões do governo.

A fala simboliza uma guinada de caráter político e social dentro do governo Lula, ao reafirmar a ideia de que a segurança pública deve estar vinculada à justiça social, e não à repressão cega.

O pronunciamento foi recebido com aplausos no Planalto e ecoou nas redes sociais, onde diversos líderes progressistas destacaram o tom humanista e firme do novo ministro diante da escalada de violência policial no país.

Com informações da CNN Brasil e Canal Gov.

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