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“Chance de anistia para Bolsonaro é perto de zero”, diz Kim Kataguiri em análise pragmática do cenário

“Chance de anistia para Bolsonaro é perto de zero”, diz Kim Kataguiri em análise pragmática do cenário

Deputado do União Brasil afirma que oposição não tem força para reverter condenação do ex-presidente, mas defende redução de pena para manifestantes do 8 de Janeiro, a quem considera “manipulados”.

Em uma análise fria e pragmática do xadrez político em Brasília, o deputado federal Kim Kataguiri (União Brasil-SP) jogou um balde de água fria nas esperanças da oposição de reverter a situação jurídica do ex-presidente Jair Bolsonaro. Em entrevista ao portal Poder360, o parlamentar foi taxativo ao afirmar que a chance de aprovação de qualquer projeto de anistia que beneficie diretamente o ex-presidente é “muito perto de zero”. A declaração, vinda de uma das vozes mais ativas da direita liberal, sinaliza as profundas divisões e os obstáculos intransponíveis que o bolsonarismo enfrenta no Congresso.

Para Kataguiri, a inviabilidade de um perdão a Bolsonaro não é uma questão de opinião, mas de matemática política e jurídica. Ele elencou três barreiras que, em sua visão, tornam a proposta natimorta: a falta de apoio do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP); a altíssima probabilidade de um veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT); e a certeza de que o Supremo Tribunal Federal (STF) declararia a medida inconstitucional. “Claramente o STF declarará a medida inconstitucional”, sentenciou o deputado, reconhecendo que, embora a Câmara tenha aprovado a urgência do projeto, o caminho para sua efetivação é praticamente impossível.

No entanto, a posição de Kataguiri é mais complexa do que uma simples rejeição à anistia. Ele se declarou favorável a uma proposta que flexibilize a situação penal dos manifestantes envolvidos diretamente nos atos de 8 de Janeiro, mas não de seus líderes. Em sua avaliação, os apoiadores que depredaram as sedes dos Três Poderes foram “manipulados” pelo ex-presidente e não tinham a real intenção de aplicar um golpe de Estado. “O Supremo Tribunal Federal claramente pesou a mão”, afirmou, defendendo que essas pessoas devem ser punidas por vandalismo, mas não com as penas severas aplicadas pela Corte.

A análise do deputado se estendeu a outros atores da direita. Kataguiri criticou a atuação do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), no esforço pela anistia, classificando-a como “mais discurso para agradar bolsonarista do que ação”. A fala expõe uma percepção de que, para parte da direita, a defesa de Bolsonaro tornou-se mais uma peça de retórica para manter a base engajada do que um projeto político viável. Isso ocorre mesmo com o presidente da Câmara, o paraibano Hugo Motta, tendo pautado e aprovado a urgência do tema, um movimento que Kataguiri parece ver como insuficiente para alterar o resultado final.

A entrevista de Kim Kataguiri é um retrato fiel dos dilemas que assombram a direita brasileira. Ela revela uma fratura exposta entre a ala pragmática, que já aceitou a realidade da condenação de Bolsonaro e busca um caminho para o futuro, e a ala mais ideológica, que insiste em uma batalha de confronto total com as instituições. Ao separar o destino do ex-presidente do destino de seus apoiadores, Kataguiri não apenas se distancia do bolsonarismo radical, mas também sinaliza que a “pacificação” do país, para ele, passa por reconhecer os excessos do STF sem, contudo, endossar a impunidade para crimes contra o Estado Democrático de Direito.

Redação do Movimento PB [NMG-OGO-20092025-Q1R5S9-13P]


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