Com a reaproximação Lula-Trump, bolsonarismo já vê Eduardo como ‘novo Olavo de Carvalho’, exilado e sem poder de fogo
Análise de Andréia Sadi revela que, para aliados do ex-presidente, o cerco se fecha para o ‘filho 03’, que estaria se tornando uma figura de nicho, restrita a vender livros e fazer vídeos nos EUA, sem a influência de antes.
A recente e pragmática reaproximação entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump não está gerando apreensão apenas na ala mais radical da esquerda; ela está sendo vista como um xeque-mate para as ambições da família Bolsonaro no cenário internacional. Segundo análise da jornalista Andréia Sadi, da GloboNews, a percepção dentro do próprio campo bolsonarista é de que o cerco está se fechando de forma definitiva para o deputado Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos, seu principal palco de atuação nos últimos anos.
A avaliação de aliados do ex-presidente, conforme apurado pela jornalista, é de que o “filho 03” está, a passos largos, se transformando em um “novo Olavo de Carvalho”. A comparação, carregada de simbolismo, não é um elogio. Ela descreve um destino de isolamento e perda de relevância, onde Eduardo ficaria restrito a uma existência de “exilado” nos EUA, sobrevivendo politicamente através de vídeos para um público de nicho e da venda de livros em sua loja virtual. É o reconhecimento tácito de que o canal direto com o poder em Washington, que um dia foi o grande trunfo de Eduardo, secou.
A principal aposta dos bolsonaristas é de que a reaproximação entre Lula e Trump resultará no fim das sanções americanas contra ministros do STF, como Alexandre de Moraes. Essa era uma das principais bandeiras e justificativas para a longa permanência e lobby de Eduardo em solo americano. Sem essa pauta para capitalizar, e com a Casa Branca agora em diálogo direto com o Palácio do Planalto, o papel de Eduardo como “embaixador informal” do bolsonarismo em Washington se esvazia completamente. Ele deixa de ser um ator relevante na complexa relação bilateral para se tornar apenas mais um militante digital.
A comparação com Olavo de Carvalho é precisa. O falecido guru do bolsonarismo, que também vivia nos EUA, exercia sua influência à distância, através de um discurso radicalizado para uma bolha de seguidores fiéis, mas sem qualquer capacidade de influenciar a política real e institucional. É para este caminho que os próprios aliados de Bolsonaro veem Eduardo se encaminhando. Enquanto o pai, Jair Bolsonaro, enfrenta seus próprios demônios judiciais no Brasil, o filho perde seu principal ativo no exterior, em um duplo revés que encurrala o clã.
A análise divulgada por Sadi é um retrato do pragmatismo brutal da política. A “química” entre Lula e Trump, construída sobre interesses comerciais e geopolíticos, tem como efeito colateral o desmonte do que restava da influência internacional do bolsonarismo. Para Eduardo, o sonho de ser um articulador global da direita parece ter se chocado com a realidade. O cerco, que já se aperta no STF e na Câmara dos Deputados, agora se completa com o isolamento no único tabuleiro onde ele ainda se sentia um jogador importante. O futuro, ao que tudo indica, reserva a ele não mais os corredores do poder em Washington, mas as prateleiras de sua livraria virtual.
Redação do Movimento PB
Redação do Movimento PB [NMG-OGO-10102025-E4F1A9-13P]
