O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desembarcou em Tóquio, Japão, nesta segunda-feira (24) — noite de domingo (23) no horário de Brasília — para uma visita oficial que busca ampliar parcerias comerciais na Ásia e diversificar as relações econômicas do Brasil. Acompanhado de uma comitiva robusta, que inclui os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), além dos ex-presidentes das Casas, Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), Lula também aproveitará a viagem para alinhar prioridades legislativas com o Congresso.
Objetivos da Viagem
A visita, planejada para fortalecer os laços com Japão e Vietnã, reflete a estratégia do governo de equilibrar as relações comerciais em meio à guerra econômica entre China e Estados Unidos, principais parceiros do Brasil. Lula busca reduzir a dependência de poucos mercados e abrir novas frentes, como o acesso do Japão à carne bovina brasileira, um dos focos em Tóquio. No Vietnã, o objetivo é elevar a parceria a um nível “estratégico”, ampliando o comércio bilateral, que em 2024 atingiu US$ 7,7 bilhões, com superávit brasileiro de US$ 415 milhões.
A presença de líderes do Congresso na comitiva sinaliza um esforço de Lula para reforçar a articulação política interna. Com Motta e Alcolumbre definindo as pautas legislativas pelos próximos dois anos, o presidente quer garantir apoio para projetos como a medida provisória (MP) do crédito consignado para trabalhadores do setor privado, lançada na sexta (22). A MP, já em vigor após publicação no Diário Oficial da União, recebeu 36 milhões de simulações de crédito até domingo (23) e precisa ser aprovada em 120 dias pelo Congresso.
Comitiva Presidencial
A delegação inclui nomes de peso do governo e do Legislativo:
- Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Câmara;
- Davi Alcolumbre (União-AP), presidente do Senado;
- Arthur Lira (PP-AL), ex-presidente da Câmara;
- Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ex-presidente do Senado;
- Ministros como Alexandre Silveira (Minas e Energia), Camilo Santana (Educação), Mauro Vieira (Relações Exteriores), Marina Silva (Meio Ambiente), entre outros;
- Deputados como Dr. Luizinho (PP-RJ), Pedro Lucas (União-MA) e Renildo Calheiros (PCdoB-PE).
Roteiro na Ásia
Tóquio (24 a 27 de março):
Lula ficará no Japão até quinta-feira (27), com uma agenda intensa. Na terça (25), será recebido pelo imperador Naruhito em uma visita de “primeira categoria” — honraria rara, limitada a um chefe de Estado por ano no Japão. Ele também se reunirá com o primeiro-ministro Shigeru Ishiba e participará de um fórum empresarial na quarta (26), com 500 executivos, organizado pelo Itamaraty e a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Setores como alimentos, energia e aviação estarão em pauta, com destaque para a exportação de carne bovina.
Hanói (27 a 29 de março):
Na quinta (27), a comitiva segue para o Vietnã, onde Lula terá encontros na sexta (28) com o presidente Luong Cuong e o primeiro-ministro Pham Minh Chinh. O Vietnã, uma economia em ascensão, é visto como parceiro promissor, especialmente no agronegócio — é o quinto maior destino das exportações agrícolas brasileiras. O Itamaraty destaca o potencial em café, arroz e eletrônicos, mirando uma meta de US$ 15 bilhões em comércio bilateral.
Contexto e Expectativas
A viagem ocorre em um momento de desafios internos para Lula, que enfrenta queda de popularidade e busca vitórias econômicas e legislativas. No Japão, a abertura do mercado de carne bovina pode impulsionar o setor agropecuário, enquanto no Vietnã, acordos em defesa, agricultura e energia (como etanol) podem solidificar laços. A presença de empresas como Embraer e JBS na delegação reforça o foco em negócios concretos.
Para o governo, diversificar parcerias na Ásia é uma resposta às tarifas americanas de Trump e à dependência da China, que em 2024 respondeu por trocas de US$ 11 bilhões com o Japão (superávit brasileiro de US$ 146,8 milhões). O sucesso da visita dependerá da capacidade de Lula de negociar acordos e alinhar o Congresso às suas prioridades.