Crise diplomática: Político português de direita ataca Gilmar Mendes e manda Brasil “pôr ordem em casa”
Vice-presidente do partido Chega reage a críticas do ministro do STF sobre o sistema de imigração de Portugal, acusando o magistrado de “insulto” e expondo a crescente tensão na relação luso-brasileira.
A já delicada questão da imigração brasileira em Portugal ganhou um novo e explosivo capítulo no campo diplomático. O vice-presidente do Chega, partido de direita português, Pedro dos Santos Frazão, reagiu de forma virulenta às críticas feitas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, que classificou o sistema migratório português como “desorganizado e caótico”. A resposta do político português escalou o tom do debate, gerando uma crise que transcende a burocracia e entra na arena da soberania e do orgulho nacional.
Em uma postagem em suas redes sociais, Frazão não mediu palavras para atacar o magistrado brasileiro e o próprio Brasil. “Um juiz brasileiro, Gilmar Mendes, vem insultar Portugal!? ‘Caótico’ é o Brasil das favelas e onde a justiça liberta corruptos e criminosos todos os dias. Portugal não recebe lições de quem devia pôr ordem na sua própria casa!”, escreveu o político. A mensagem, carregada de um nacionalismo inflamado, foi finalizada com uma alfinetada direta ao governo brasileiro: “Portugal é soberano и não aceita sermões de brasileiros próximos de Lula!”.
A fúria do vice-presidente do Chega foi uma resposta a uma entrevista concedida por Gilmar Mendes à CNN Portugal na última sexta-feira (3), em Lisboa. Na ocasião, o ministro do STF apontou com preocupação as falhas administrativas que têm gerado um limbo de insegurança para a comunidade brasileira. Mendes citou exemplos absurdos, como casos de pessoas que receberam, simultaneamente, uma ordem de deportação e um documento que atestava a regularidade de sua situação. A crítica do ministro não era um ataque, mas um apelo por soluções.
“Pelas informações de que disponho, o mais problemático é o não funcionamento dos órgãos administrativos”, declarou Mendes, defendendo que os problemas fossem sanados para não criar “tumulto numa relação que é tão pacífica”. A fala do ministro refletia a angústia de milhares de brasileiros que, apesar de tentarem seguir as regras, se veem presos em um labirinto burocrático, temerosos com a incerteza sobre seu futuro no país irmão.
O embate verbal, no entanto, expõe uma ferida muito mais profunda. De um lado, a fala de Gilmar Mendes dá voz a uma queixa legítima e documentada de uma comunidade imigrante que se sente desamparada pela ineficiência do Estado português. Do outro, a reação de Pedro dos Santos Frazão instrumentaliza essa crítica para surfar na onda do sentimento nacionalista e anti-imigração, uma bandeira central de seu partido. No meio deste fogo cruzado político, ficam os imigrantes brasileiros, cujos dramas reais e a busca por uma vida digna acabam servindo de munição para uma guerra de narrativas que em nada contribui para a resolução dos problemas práticos.
Redação do Movimento PB
Redação do Movimento PB [NMG-OGO-06102025-E8F1G9-13P]