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Defesa de General Heleno ataca Moraes e o chama de ‘juiz inquisidor’ em julgamento no STF

Em estratégia de confronto no segundo dia do julgamento da trama golpista, advogado de ex-ministro do GSI questiona imparcialidade do relator e reinterpreta falas sobre ‘virar a mesa’ como um ato ‘republicano’.

O segundo dia do julgamento da trama golpista no Supremo Tribunal Federal (STF) foi marcado por uma mudança abrupta de tom. A defesa do general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), abandonou a postura conciliadora de outros advogados e partiu para um confronto direto com o relator do processo, o ministro Alexandre de Moraes, a quem acusou de agir como um “juiz inquisidor”.

Em sua sustentação oral na Primeira Turma da Corte, o advogado Matheus Mayer Milanez adotou uma linha belicosa, questionando a imparcialidade de Moraes e a condução do processo. A estratégia de enfrentamento busca deslegitimar a instrução do caso, em uma última e arriscada tentativa de evitar a condenação do general.

Estratégia de confronto: Advogado questiona imparcialidade do relator

O ataque da defesa se concentrou na postura de Moraes durante a fase de instrução. O advogado criticou duramente a iniciativa do ministro de ler todas as perguntas formuladas ao general durante o interrogatório, mesmo após Heleno ter optado por exercer seu direito parcial ao silêncio. “Qual a função da consignação das perguntas se não o constrangimento do interrogado?”, questionou Milanez, que disparou: “Qual o papel do juiz julgador? Ou é o juiz inquisidor? O juiz é o imparcial”.

Além de tentar afastar seu cliente do “núcleo crucial” da conspiração, argumentando que o general havia perdido influência no final do governo Bolsonaro, a defesa se dedicou a reinterpretar as falas mais comprometedoras de Heleno.

A reinterpretação das falas golpistas: ‘Virar a mesa’ como ato ‘republicano’

O ponto mais audacioso da argumentação foi a tentativa de ressignificar as declarações de Heleno na reunião ministerial de 5 de julho de 2022, uma das principais provas da acusação. A fala do general sobre a necessidade de “virar a mesa antes das eleições” foi, segundo seu advogado, uma declaração “republicana”.

Milanez argumentou que, ao dizer que qualquer ação deveria ser feita *antes* do pleito, Heleno estaria, na verdade, reconhecendo a legitimidade e a finalidade do resultado das urnas. “Não existe tentar fazer alguma coisa depois do resultado das urnas”, defendeu o advogado. Já a sugestão de “infiltrar” agentes da Abin nas campanhas adversárias foi rebatida como uma referência a um “acompanhamento” legal do processo eleitoral.

A estratégia da defesa de Augusto Heleno representa uma escalada na retórica do julgamento. Ao mirar diretamente no relator e oferecer interpretações contraintuitivas para evidências cruciais, o advogado busca transformar o debate de uma análise jurídica para um confronto político. Resta saber como os ministros da Turma reagirão a essa tática de alto risco, que definirá o destino de um dos generais mais poderosos da República.

Da redação com informações de agências de notícias

Redação do Movimento PB [GMN-GOO-03092025-100530-A1B9C4-15P]


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