Depoimento de Bolsonaro no STF gera críticas nas redes e desanima apoiadores
Depoimento de Bolsonaro no STF, com tom conciliador e desculpas a Moraes, provoca 65% de críticas no X e frustra base bolsonarista.
O depoimento de Jair Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF) em 10 de junho de 2025 gerou uma onda de críticas nas redes sociais, com 65% das 350 mil menções no X (antigo Twitter) expressando deboche ou reprovação, segundo levantamento da Arquimedes, reportado pelo O Jornalismo em 11 de junho. Apenas 14% das postagens apoiaram o ex-presidente, enquanto 21% foram neutras, com memes ou trechos do depoimento. O tom conciliador de Bolsonaro, incluindo pedidos de desculpas ao ministro Alexandre de Moraes, frustrou sua base mais fiel.
Repercussão do depoimento
Bolsonaro negou envolvimento em uma tentativa de golpe pós-eleições de 2022, mas recuou de acusações feitas em 2022 contra Moraes, Fachin e Barroso, quando insinuou corrupção ligada às urnas. No STF, disse: “Não tenho indício nenhum, senhor ministro. Foi um desabafo, uma retórica. Me desculpe.” A frase viralizou, com internautas ironizando a retratação. Sua referência aos invasores do 8 de janeiro como “malucos” também gerou rejeição entre apoiadores, que esperavam uma defesa mais combativa.
Análise das redes
O pesquisador Pedro Bruzzi, da Arquimedes, aponta que o tom ameno de Bolsonaro causou “frustração significativa” entre militantes, que viam no depoimento uma chance de enfrentamento. Postagens de apoio, que alegavam perseguição política, foram minoria. A hashtag #BolsonaroPerseguido apareceu em apenas 8% das menções, enquanto termos como “recuou” e “desabafo” dominaram. Memes satirizando o ex-presidente, como montagens com ele “pedindo perdão”, circularam amplamente.
Impacto na base bolsonarista
O depoimento desgastou mais do que mobilizou a base de Bolsonaro. Grupos radicais no Telegram, como “Patriotas do Brasil”, criticaram a falta de “coragem” do ex-presidente, enquanto influenciadores bolsonaristas, como Allan dos Santos, minimizaram o impacto, mas sem grande tração. A postura de Bolsonaro contrasta com sua retórica agressiva em comícios, como o de 7 de setembro de 2022, e pode alienar apoiadores antes das eleições de 2026, apesar de sua inelegibilidade.
Contexto do inquérito
Bolsonaro é um dos 37 indiciados na investigação da Polícia Federal sobre a trama golpista, acusado de liderar planos para impedir a posse de Lula. O depoimento, conduzido por Moraes, incluiu perguntas sobre a “minuta do golpe” e os atos de 8 de janeiro, que ele negou coordenar. A delação de Mauro Cid, que confirmou revisões de decretos golpistas por Bolsonaro, foi questionada pela defesa, mas reforçada por testemunhas como o general Freire Gomes.
Perspectivas futuras
O depoimento enfraquece a narrativa de Bolsonaro como vítima de perseguição, especialmente após sua deferência a Moraes. A Primeira Turma do STF, que julgará o caso, pode decidir até novembro de 2025, com penas que somam até 40 anos se condenado. A rejeição nas redes sugere um desafio para Bolsonaro manter relevância política, enquanto opositores, como o PT, capitalizam o desgaste, chamando-o de “cínico”. O impacto pode influenciar articulações da direita para 2026.
Com informações de BBC News Brasil e Arquimedes.