Desvios da Saúde Bancaram Filho de Juiz, Diz Operador na PB

Acusações de Desvios em Itabaiana

A Operação Pote de Ouro, conduzida pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB), investiga desvios de recursos públicos da saúde em Itabaiana, a 70 km de João Pessoa. Um operador do esquema alegou que parte do dinheiro foi usada para pagar a faculdade de medicina do filho do juiz Glauco Coutinho Marques, então lotado em Gurinhém, a 30 km de Itabaiana. Segundo o depoimento, a ex-secretária de Saúde, esposa de Marques, recebia de R$ 6 mil a R$ 7 mil mensais, com um cheque de R$ 13,8 mil em uma ocasião, para custear o curso.

Evidências e Cheques

O MPPB encontrou dois cheques na conta de Marques, depositados em 2016 no Banco do Brasil em Gurinhém, indicando proximidade com o suposto líder do esquema. O juiz afirmou que os valores quitavam uma dívida pessoal de sua esposa, negando conhecimento de origem ilícita. A investigação aponta que a esposa, ex-secretária de Saúde, teve papel “decisivo” na organização criminosa, que desviou verbas da prefeitura entre 2013 e 2016. A defesa do casal nega envolvimento e diz que o curso foi pago pelo Fies.

Operação Retomada e Decisão Relâmpago

Marques também é alvo da Operação Retomada, que apura fraudes judiciais contra aposentados. Em 8 de junho de 2024, ele proferiu uma sentença em apenas 16 minutos, favorecendo a Associação Programa de Assistência aos Aposentados, suspeita de descontos ilegais de R$ 126 milhões, afetando 100 mil aposentados. A decisão, anulada em 2025 por outra juíza, foi considerada fraudulenta por envolver associados sem vínculo com Gurinhém. O MPPB aponta “fórum shopping”, com escolhas estratégicas de varas para decisões favoráveis. Marques foi afastado em dezembro de 2024.

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Resposta da Defesa

A defesa de Marques nega as acusações, afirmando que não há provas de laços com advogados ou recebimento de vantagens. Segundo o advogado, os cheques referem-se a empréstimos pessoais, e o juiz homologou acordos legítimos, com apenas uma dezena de 230 ações sob sua responsabilidade. A defesa reitera que o curso do filho foi financiado pelo Fies e confia na Justiça para esclarecer os fatos. O Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB) manteve Marques no cargo até o afastamento, e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) determinou uma correição nas varas onde atuou.

Impacto e Investigação

As operações expõem um esquema sofisticado de desvios e manipulação judicial, com prejuízos significativos a aposentados e à saúde pública. A celeridade de Marques em casos de associações contrasta com a lentidão em outros processos, reforçando suspeitas de favorecimento. As investigações seguem, com buscas e apreensões para esclarecer a rede de fraudes.

Com informações de Metrópoles, Paraíba Já, BNews


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