“É inaceitável”: Ministro da Saúde cancela viagem aos EUA após Trump impor “prisão virtual” em Nova York
Em mais um capítulo da crise diplomática, Alexandre Padilha classifica como “afronta” as restrições de circulação impostas pelo governo americano, que inviabilizaram a participação do Brasil em reunião crucial da Opas.
A relação diplomática entre o Brasil e os Estados Unidos sob o governo Trump atingiu um novo e alarmante ponto de deterioração. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou nesta sexta-feira (19) que foi forçado a cancelar sua viagem a Nova York para a Assembleia Geral da ONU, após o governo americano impor restrições de circulação tão severas que, na prática, o colocariam em uma espécie de “prisão virtual”. Padilha classificou as condições como “inaceitáveis” e uma “afronta” não a ele, mas ao cargo que representa e, por extensão, à soberania do Brasil.
As regras impostas a um dos principais ministros do governo brasileiro são de uma hostilidade diplomática raramente vista. Padilha estaria confinado a um perímetro de apenas cinco quarteirões em Nova York, englobando seu hotel, a sede da ONU e a missão diplomática do Brasil. Pior ainda, ele foi explicitamente proibido de se deslocar para Washington, onde participaria de uma reunião crucial da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). Qualquer agenda fora do minúsculo perímetro permitido exigiria uma autorização prévia, solicitada com 48 horas de antecedência, submetendo a agenda de um ministro de Estado à análise e ao capricho de burocratas americanos.
“Inaceitável as condições, porque eu sou o ministro da Saúde do Brasil. Quando vou para um evento como esse, tenho que ter plena possibilidade de participar do conjunto das atividades”, declarou Padilha. Ele fez questão de frisar que a ofensa não era pessoal. “As restrições inviabilizam a presença do ministro da Saúde do Brasil nas atividades que ele precisa fazer parte”, afirmou, deixando claro que a medida era um ato político deliberado contra o governo brasileiro.
A intransigência americana não resultou apenas em um constrangimento diplomático; ela sabotou uma importante iniciativa de saúde para todo o continente. Padilha revelou que planejava anunciar na reunião da Opas um reforço financeiro significativo do Brasil a um fundo estratégico da organização. O objetivo era garantir a compra de vacinas e medicamentos contra o câncer a preços mais baixos para todos os países das Américas. A ação do governo Trump, portanto, não prejudicou apenas o Brasil, mas a saúde de milhões de pessoas em nações vizinhas.
Este incidente é o capítulo mais recente de uma escalada de tensões entre as administrações Lula e Trump. Ele se soma a uma série de atos hostis, como a imposição de tarifas sobre produtos brasileiros e as ameaças militares à Venezuela, compondo um cenário de confronto aberto. A “afronta” ao ministro da Saúde não é um mero detalhe burocrático de visto. É uma mensagem política clara de desprezo e uma tentativa de isolar e humilhar o Brasil no palco mundial. A resposta do governo brasileiro, com o cancelamento da viagem, sinaliza que, apesar da assimetria de poder, a dignidade e a soberania do país não serão negociadas.
Redação do Movimento PB [NMG-OGO-21092025-X5Y9Z3-13P]
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