Eduardo Bolsonaro anuncia licença sem remuneração da Câmara para permanecer nos EUA, buscando justiça contra Moraes e anistia para envolvidos no 8 de janeiro.
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) revelou, em vídeo divulgado nesta terça-feira, 18, que decidiu se licenciar do mandato na Câmara dos Deputados e permanecer nos Estados Unidos. A escolha, descrita por ele como “a mais difícil” de sua vida, ocorre em meio a pressões da base do governo Lula, que tenta apreender seu passaporte para impedi-lo de assumir a Comissão de Relações Exteriores e Segurança Nacional (CREDN). No registro, gravado nas ruas americanas e publicado no YouTube, o parlamentar afirmou que abdica temporariamente do cargo, sem remuneração, para se dedicar à luta contra o que chama de “regime de exceção” no Brasil.
Carreira Política e Início em Brasília
Eduardo iniciou sua trajetória política em 2003, aos 19 anos, ocupando um cargo de assistente técnico no gabinete da liderança do PTB em Brasília, sob o comando de Roberto Jefferson, enquanto cursava Direito na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Conforme dados da época, ele recebia 3.904 reais mensais — valor que, corrigido pela inflação, equivale a 13.486,65 reais hoje. Permaneceu na função por 16 meses, até 2004, conforme revelou a BBC em 2019. A Câmara esclareceu que cargos desse tipo, de natureza especial, exigem presença em Brasília, sem possibilidade de atuação remota, o que contrasta com sua experiência atual de articulação à distância.
Reação ao Governo e Foco nos EUA
No vídeo, Eduardo justificou a decisão como uma forma de escapar de supostas tentativas de coerção lideradas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, a quem acusa de usar seu mandato como “ferramenta de chantagem”. Ele declarou: “Não irei me acovardar, não irei me submeter ao regime de exceção e os seus truques sujos”. O deputado promete concentrar seus esforços nos EUA para buscar “justas punições” contra Moraes e a Polícia Federal, além de articular a anistia para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023 e outros “perseguidos” do governo de Jair Bolsonaro, seu pai.
Contexto da Licença e Passaporte
A licença surge em um momento delicado. Eduardo era cotado para presidir a CREDN, cargo que ampliaria sua influência internacional contra Moraes, principal figura do STF nas investigações contra Jair Bolsonaro — cujo julgamento por tentativa de golpe de Estado está marcado para 25 de março. Em resposta, o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), afirmou: “Nós fizemos esse movimento mesmo [de pedir a apreensão do passaporte de Eduardo] para evitá-lo na CREDN. Aceitamos qualquer nome, menos o dele”. O parlamentar destacou que já se passaram 18 dias sem resposta da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre o pedido, apesar do prazo de cinco dias estipulado por Moraes.
Desafio Direto a Moraes
Dirigindo-se ao ministro, Eduardo lançou um desafio: “Alexandre, a minha meta de vida será fazer você pagar por toda da sua crueldade com pessoas inocentes”. Ele afirmou que só retornará ao Brasil quando Moraes for “devidamente punido” por supostos abusos de autoridade. O deputado também mencionou o apoio de aliados, como o líder da oposição Zucco (PL-RS), indicado pelo PL para assumir a CREDN. Segundo Eduardo, sua atuação nos EUA é mais eficaz para combater o que chama de ditadura, ecoando ideias do filósofo Olavo de Carvalho: “Não se combate uma ditadura vivendo dentro dela”.
Propósito e Valores
Eduardo enfatizou que abriu mão das regalias do cargo “de cabeça erguida” para seguir uma missão maior. “Seria mais confortável ficar quieto recebendo um excelente salário e fingindo defender os paulistas e meus irmãos brasileiros”, disse, destacando que seu compromisso é com “os valores da nossa civilização” e uma “aliança com Deus”. Ele promete continuar representando os eleitores que o escolheram, mesmo estando fora do país, e acredita que sua presença nos EUA é essencial para expor internacionalmente as ações de Moraes e buscar justiça.