Ex-presidente foi detido em Maceió durante a madrugada desta sexta (25), após STF rejeitar recursos considerados protelatórios; Collor cumprirá pena de 8 anos e 10 meses por corrupção e lavagem de dinheiro.
O ex-presidente Fernando Collor de Mello foi preso na madrugada desta sexta-feira (25) em Maceió, capital de Alagoas, após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), rejeitar os últimos recursos apresentados por sua defesa contra a condenação imposta em 2023. A detenção ocorreu no Aeroporto Zumbi dos Palmares, quando o ex-mandatário se preparava para embarcar rumo a Brasília.
A ordem de prisão imediata foi determinada por Moraes na noite anterior, ao considerar os recursos apresentados como de “caráter meramente protelatório”. Segundo a Polícia Federal, Collor permanecerá custodiado na superintendência da PF em Maceió até que o Supremo defina o local definitivo para o cumprimento da pena. O ministro Luiz Roberto Barroso, presidente do STF, convocou para esta sexta uma sessão extraordinária em plenário virtual para validar ou revisar a decisão individual de Moraes, mas até lá, a ordem de prisão segue válida.
Collor foi condenado a 8 anos e 10 meses de prisão em regime fechado por crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. De acordo com o processo, ele teria recebido cerca de R$ 20 milhões em propina entre 2010 e 2014, em um esquema envolvendo contratos irregulares firmados entre a BR Distribuidora — subsidiária da Petrobras — e a empreiteira UTC Engenharia. O objetivo seria beneficiar empresas ligadas a aliados políticos do ex-senador em troca de favorecimentos ilícitos.
A investigação teve origem em denúncias da Operação Lava Jato, e Collor chegou a ser acusado pela Procuradoria-Geral da República por corrupção, peculato, organização criminosa, lavagem de dinheiro e obstrução de Justiça. Parte das acusações prescreveu ao longo do processo, como foi o caso da organização criminosa.
Com a prisão, Fernando Collor se torna o terceiro ex-presidente brasileiro a ser detido desde a redemocratização, ao lado de Luiz Inácio Lula da Silva e Michel Temer. Em nota, os advogados do ex-presidente confirmaram a prisão e informaram que aguardam os desdobramentos do julgamento no STF.
Da ascensão meteórica à queda
Fernando Collor de Mello nasceu no Rio de Janeiro em 1949 e construiu sua carreira política em Alagoas, estado de origem de sua família. Foi prefeito de Maceió, deputado federal e governador antes de se lançar à Presidência da República. Em 1989, foi eleito o primeiro presidente pelo voto direto após o fim da ditadura militar, em uma campanha marcada pelo discurso contra privilégios no funcionalismo público, que lhe rendeu o apelido de “caçador de marajás”.
Seu governo ficou conhecido pelo controverso Plano Collor, que promoveu o confisco de contas bancárias e aplicações financeiras na tentativa de conter a hiperinflação. A gestão também foi marcada por denúncias de corrupção envolvendo seu tesoureiro de campanha, PC Farias, culminando na abertura de uma CPI e em um processo de impeachment. Collor renunciou ao mandato em 1992, horas antes da votação que o afastaria do cargo.
Apesar do desgaste, Collor retornou à política nos anos 2000, sendo eleito senador por Alagoas em 2006 e reeleito em 2014. Seu mandato terminou em 2023, ano em que veio a condenação definitiva pelo STF.