Hugo Motta evita pautar anistia ao 8 de Janeiro

Sob pressão para anistiar golpistas do 8 de Janeiro, Hugo Motta reforça que decisões na Câmara dependem de líderes e prioriza diálogo democrático.

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), reagiu às pressões para pautar o projeto de lei que anistia os envolvidos nos atos golpistas de 8 de Janeiro de 2023. Em mensagem publicada nas redes sociais em 15 de abril de 2025, Motta afirmou que “ninguém decide nada sozinho” e defendeu que as pautas da Casa sejam debatidas pelo colégio de líderes. “Democracia é discutir com os líderes as pautas que devem avançar”, declarou.

Pedido de urgência enfrenta resistência

A oposição protocolou, na véspera, um requerimento de urgência para o projeto de anistia, apoiado por 262 deputados — cinco a mais que o mínimo necessário. O mecanismo, se aprovado, permite votação direta no plenário, sem passar pelas comissões. Do total de assinaturas, 146 são de parlamentares de partidos com cargos no governo, o que evidencia divisões na base aliada. Apesar do apoio, não há previsão para a análise do pedido, já que a Câmara opera remotamente nesta semana devido ao feriado de Páscoa.

Articulações e pressões políticas

O governo trabalha para reduzir o número de assinaturas, com líderes e presidentes de partidos aliados sendo pressionados a convencer deputados a retirar apoio. Enquanto isso, o ex-presidente Jair Bolsonaro intensifica esforços pela anistia. Na semana passada, ele se reuniu com Motta e, no domingo, enviou mensagens a aliados pedindo empenho na aprovação do projeto, horas antes de uma cirurgia.

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Diálogo com Supremo e Planalto

Em vez de pautar a votação, Motta busca um acordo envolvendo o Congresso, o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Palácio do Planalto. A proposta é revisar a dosimetria das penas de alguns condenados pelos atos de 8 de Janeiro, evitando a anistia total. A estratégia reflete a cautela do presidente da Câmara, que destacou a necessidade de avaliar o impacto de cada pauta para as instituições e a sociedade. “É preciso responsabilidade com o cargo que ocupamos”, afirmou.

Próximos passos

O líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), aposta que o tema será discutido na reunião de líderes marcada para 24 de abril. Motta, que está fora do país, retorna a Brasília no dia 22, quando as atividades presenciais da Câmara devem ser retomadas. Até lá, o debate sobre a anistia segue tensionando o cenário político, com reflexos na relação entre os poderes.

Por redação do Movimento PB

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