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Lula diz que “andar de cabeça erguida é mais importante que prêmio Nobel” e critica ONU e guerras atuais

Declaração ocorreu na véspera de possível encontro com Donald Trump e duas semanas após María Corina Machado receber o Nobel da Paz

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou neste sábado (25) que “andar de cabeça erguida é mais importante que um prêmio Nobel”, em discurso marcado por críticas à atuação das potências globais e das instituições multilaterais. A fala ocorreu na véspera de um possível encontro com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e duas semanas depois de a líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, ser laureada com o Prêmio Nobel da Paz de 2025.

Lula não mencionou o nome da venezuelana, mas a declaração repercutiu entre analistas políticos por ter sido feita em um contexto internacional sensível, com o Brasil tentando manter sua posição de equilíbrio entre os eixos ocidental e sul-global. “Para um governante, andar de cabeça erguida é mais importante que um Prêmio Nobel. Cuidar das pessoas mais humildes é quase uma obrigação bíblica. É um mandamento de Deus. É para isso que a gente governa”, afirmou o presidente.

O petista também aproveitou o discurso para condenar as guerras na Ucrânia e na Faixa de Gaza, reiterando sua visão de que a ofensiva israelense contra os palestinos constitui um “genocídio”. “O que está acontecendo em Gaza é um massacre. Não há justificativa humanitária ou política para tamanha destruição. As pessoas estão morrendo sem água, sem comida, sem esperança”, declarou.

Em outro trecho, Lula criticou duramente a paralisia das organizações internacionais. “O Conselho de Segurança da ONU e a ONU não funcionam mais”, disse. “Todas as guerras recentes foram determinadas por países que fazem parte do próprio Conselho, sem consulta ou aprovação em nenhum fórum. As instituições multilaterais criadas para evitar essas tragédias pararam de existir.”

As declarações de Lula reforçam sua estratégia de política externa independente, com críticas tanto ao Ocidente quanto à estrutura internacional que, segundo ele, mantém privilégios de antigas potências. A fala ocorre em meio a especulações sobre um novo encontro entre o brasileiro e Trump, que, desde o retorno à Casa Branca, tenta redesenhar a diplomacia dos EUA e fortalecer laços com países emergentes sem compromissos ambientais e humanitários mais rígidos.

Internamente, aliados do presidente interpretam o discurso como uma tentativa de reforçar a imagem de Lula como líder global do Sul político, que prega soberania e igualdade entre as nações, mas também como um recado à oposição e à imprensa internacional, após o destaque dado à premiação de María Corina Machado — adversária ideológica dos governos progressistas latino-americanos.

Da redação, com informações de agências nacionais e internacionais

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