Aliados de Bolsonaro Temem ‘Morte Digital’ Após Prisão e Medidas do STF

Com prisão iminente e medidas restritivas do Supremo, aliados de Bolsonaro temem seu silenciamento nas redes sociais, apelidado de “morte digital”.
Medo do Silenciamento
Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro expressam crescente preocupação com o que chamam de “morte digital”, o bloqueio de suas contas nas redes sociais, conforme reportado pelo Brasil 247 em 2 de junho de 2025. Um interlocutor próximo, com trânsito no meio jurídico, afirmou: “Moraes criou o exílio virtual. Vão tentar silenciar Bolsonaro nas redes, matá-lo civilmente.” A medida, já aplicada a outros investigados por atos golpistas, é vista como uma tentativa de limitar a influência do ex-presidente, especialmente após o acirramento de tensões com o Supremo Tribunal Federal (STF).
Contexto das Restrições
O ministro Alexandre de Moraes, do STF, tem imposto medidas cautelares que incluem a suspensão de perfis em redes sociais para investigados por crimes contra a democracia. Um exemplo é Débora Rodrigues dos Santos, condenada a 14 anos em abril de 2025 por pichar a estátua da Justiça com a frase “Perdeu, mané” durante os atos de 8 de janeiro. Ela foi enquadrada por associação criminosa armada, tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado de Direito, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado — os mesmos crimes pelos quais Bolsonaro é réu. Essas restrições, segundo aliados, podem ser aplicadas ao ex-presidente antes mesmo de uma condenação, como forma de conter sua influência.
Conflito com o STF e Trump
O temor de uma “morte digital” ganhou força devido ao embate entre o STF e aliados de Bolsonaro, intensificado pelas ações do governo de Donald Trump. Em fevereiro de 2025, a Trump Media & Technology Group, dona da Truth Social, e a plataforma Rumble processaram Moraes em um tribunal da Flórida, acusando-o de violar a Primeira Emenda dos EUA ao ordenar a suspensão de contas de um comentarista bolsonarista baseado nos EUA. A ação, vista como pressão de Trump sobre a Justiça brasileira, coincide com a denúncia contra Bolsonaro por tentativa de golpe em 2022, que incluiu planos de assassinar Moraes e o presidente Lula. Aliados temem que Moraes responda com medidas mais duras, como prisão preventiva ou bloqueio de bens, além da proibição de uso de redes sociais.
Inquérito Contra Eduardo Bolsonaro
A abertura de um inquérito contra o deputado Eduardo Bolsonaro, em 26 de maio de 2025, por coação e tentativa de obstrução de Justiça, elevou a tensão. Moraes investiga se Eduardo articulou com Trump ações contra o STF, como o processo nos EUA. Bolsonaro admitiu financiar as despesas do filho nos Estados Unidos, o que pode implicá-lo como cúmplice caso Eduardo seja condenado. Aliados receiam que, após o depoimento de Bolsonaro no inquérito, marcado para 5 de junho, Moraes imponha restrições imediatas, incluindo o veto às redes sociais, principal ferramenta de comunicação do ex-presidente nas campanhas de 2018 e 2022.
Impacto Político e Sentimento Bolsonarista
As redes sociais foram cruciais para a ascensão de Bolsonaro, permitindo comunicação direta com milhões de seguidores. Um eventual bloqueio seria um golpe significativo, especialmente com as eleições presidenciais de 2026 se aproximando. Posts no X refletem o sentimento de aliados, que denunciam “censura” e “perseguição política” pelo STF, majoritariamente indicado por governos petistas. O senador Cleitinho (Republicanos-MG) acusou a Corte de planejar um “golpe” contra a liberdade de expressão, enquanto outros bolsonaristas temem que o silenciamento inviabilize Bolsonaro como cabo eleitoral.
Julgamento no STF
Em março de 2025, a Primeira Turma do STF aceitou por unanimidade a denúncia contra Bolsonaro e sete aliados por tentativa de golpe após a derrota eleitoral de 2022. Moraes, relator do caso, destacou que a denúncia apresenta “descrição detalhada” dos fatos, com “elementos amplamente satisfatórios” de um plano para abolir o Estado de Direito. O ministro Flávio Dino reforçou a gravidade, rejeitando a ideia de que a ausência de mortes minimize o crime. Luiz Fux enfatizou a marca indelével dos atos contra a democracia. A decisão reforça a possibilidade de medidas restritivas antes da sentença final, prevista para evitar interferências nas eleições de 2026.
Perspectivas e Consequências
Se condenado, Bolsonaro, já inelegível até 2030 por abuso de poder, pode enfrentar décadas de prisão e um banimento permanente da política. A “morte digital” é vista por aliados como uma estratégia para neutralizar sua influência antes do pleito de 2026, limitando sua capacidade de mobilizar apoiadores. O conflito com o STF, agravado pelas pressões de Trump, coloca o ex-presidente em uma posição vulnerável, com aliados temendo que medidas como bloqueio de contas ou bens sejam iminentes. O desfecho do depoimento de quinta-feira será decisivo para o futuro político e digital de Bolsonaro.
Com informações de Brasil 247, NPR, The New York Times, Pauta Comunicação