Protestos pela democracia no Brasil ganham o mundo: Jornais internacionais destacam a luta contra ‘PEC da Blindagem’ e anistia
Do The Guardian à ABC News, mídia estrangeira repercute a “batalha de símbolos” nas ruas e o papel de artistas como Caetano Veloso, Chico Buarque e Gilberto Gil na resistência à agenda que busca proteger Bolsonaro.
As dezenas de milhares de brasileiros que foram às ruas neste domingo (21) não ecoaram apenas nas avenidas de São Paulo ou na orla de Copacabana; suas vozes cruzaram fronteiras e estamparam as manchetes dos principais veículos de comunicação do mundo. A imprensa internacional acompanhou de perto os massivos protestos contra a chamada “PEC da Blindagem” e a tentativa de anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro, pintando um retrato de um país em uma encruzilhada democrática, onde a sociedade civil se levanta para barrar o que considera um grave retrocesso institucional.
Jornais europeus como o britânico The Guardian destacaram as “grandes multidões” que se mobilizaram contra as “tentativas da direita de ajudar Bolsonaro a escapar da prisão”. A publicação não hesitou em detalhar a gravidade da condenação do ex-presidente, citando seu envolvimento em uma “tentativa frustrada de tomada de poder”. A agência Reuters e a emissora BBC focaram na profunda polarização do país, ressaltando que os atos deste domingo rivalizaram em número com as manifestações bolsonaristas de semanas atrás, reforçando a imagem de “divisões gritantes em uma das maiores democracias do mundo”.
A cobertura norte-americana, por sua vez, foi além e conectou os protestos à tensa relação geopolítica entre o Brasil e os Estados Unidos de Donald Trump. A emissora ABC News salientou a “batalha de símbolos” travada nas ruas. Se há duas semanas os apoiadores de Bolsonaro ergueram uma bandeira dos EUA em agradecimento às sanções de Trump contra o Brasil, os manifestantes de domingo responderam desfraldando uma bandeira gigante do Brasil. “Cartazes, camisetas e adesivos não apenas rejeitaram a anistia (…), como também reafirmaram o orgulho nacional e defenderam a soberania do Brasil em resposta às sanções de Trump”, reportou a emissora.
A agência francesa AFP descreveu a cena icônica no Rio de Janeiro: um boneco inflável de Bolsonaro em trajes de prisioneiro ao lado de um boneco de Donald Trump, simbolizando a aliança entre os dois líderes. Para a imprensa estrangeira, a mensagem era clara: a luta nas ruas do Brasil também é uma disputa de projeto de país e de seu lugar no mundo. A defesa da democracia interna se misturou a uma afirmação de soberania nacional contra a interferência externa.
Um ponto de convergência em todas as reportagens foi o protagonismo da cultura brasileira na defesa da democracia. O reencontro histórico no palco de Caetano Veloso, Chico Buarque e Gilberto Gil — artistas que desafiaram a ditadura militar — foi visto como um poderoso símbolo de resistência. A presença deles, ao lado de outros nomes como o ator Wagner Moura, foi interpretada como a mobilização da consciência crítica da nação em um momento crucial. O grito de “Sem anistia!”, entoado pela multidão ao som dos clássicos da MPB, ressoou globalmente.
A repercussão internacional mostra que o mundo observa atentamente os próximos passos do Brasil. O que está em jogo, na visão da imprensa estrangeira, não é apenas o destino de um ex-presidente ou a carreira de alguns parlamentares. O que se disputa é a força das instituições democráticas brasileiras e a capacidade do país de resolver seus conflitos políticos sem abrir mão da justiça e da soberania.
Da redação com informações da VEJA
Redação do Movimento PB [NMG-OGO-22092025-S1T7U3-15P]
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