STF Inicia Semana Decisiva do Julgamento de Bolsonaro sob Pressão de Protestos nas Ruas
Voto do relator Alexandre de Moraes abre a segunda semana de sessões, enquanto apoiadores do ex-presidente criticam o que chamam de ‘circo’ e ‘perseguição’.
O Supremo Tribunal Federal (STF) inicia nesta terça-feira (9) a segunda e potencialmente última semana do julgamento de Jair Bolsonaro (PL) e outros sete réus, acusados de crimes como tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito. A expectativa é que a decisão final seja proferida até a próxima sexta-feira (12), em um clímax que ocorre em meio a uma forte pressão política de apoiadores do ex-presidente, que foram às ruas no último domingo (7).
A primeira semana do julgamento foi dedicada à leitura do relatório pelo ministro Alexandre de Moraes, à acusação da Procuradoria-Geral da República (PGR) e à apresentação das defesas. Agora, as sessões serão retomadas com o aguardado voto do relator, seguido pelos demais quatro ministros da Primeira Turma.
O Roteiro da Semana no Supremo
Para garantir que o julgamento seja concluído, a presidência da Primeira Turma, comandada pelo ministro Cristiano Zanin, confirmou um calendário intenso, incluindo uma sessão extra na quinta-feira (11), a pedido de Moraes. A ordem de votação seguirá o rito padrão, iniciando pelo relator. A condenação ou absolvição de cada réu exige, no mínimo, três votos em um mesmo sentido. A sequência de votos será: Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e, por último, o presidente da turma, Cristiano Zanin.
Os Réus e as Acusações
Além de Jair Bolsonaro, outras sete figuras proeminentes de seu governo, incluindo ex-ministros e ex-comandantes militares, compõem o banco dos réus. Eles formam o que a acusação chama de “núcleo crucial” de uma organização criminosa que teria tentado subverter o resultado das eleições de 2022. Todos negam as acusações. Os cinco crimes imputados são: tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, participação em organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.
A Reação nas Ruas: ‘Circo’ e ‘Humilhação’
Enquanto o rito segue no STF, as ruas se manifestam. Em um ato na Avenida Paulista no domingo, o pastor Silas Malafaia discursou para apoiadores de Bolsonaro e classificou o julgamento como um teatro. “Isso é um circo, isso não é julgamento. Bolsonaro já foi julgado”, afirmou o líder religioso, alegando que a composição da turma com três ministros “suspeitos” (Moraes, Zanin e Dino) teria como objetivo acelerar uma condenação.
Presente no mesmo ato, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro descreveu a situação como uma “humilhação”. Ela criticou a prisão domiciliar do marido, que o impediu de comparecer às manifestações. “Quem era para estar aqui era o meu marido, que hoje está amordaçado dentro de casa, com uma tornozeleira, não foi julgado e está preso”, disse. Michelle detalhou o rigor do monitoramento policial, com revistas em carros e vigilância nos muros, e questionou a suposta periculosidade de fuga de “um homem com 70 anos, com sequelas de uma facada”.
Um Veredito para um País Dividido
Esta semana encapsula a profunda tensão da democracia brasileira. De um lado, o rito formal de um dos julgamentos mais importantes da história republicana avança dentro do STF, baseado em provas e argumentos jurídicos. Do outro, uma fervorosa narrativa política se desenrola nas ruas, questionando a própria legitimidade do processo e de seus julgadores. O veredito final, seja ele qual for, não ficará restrito ao plenário da Corte; ele irá reverberar por um país intensamente polarizado, testando a resiliência das instituições e da coesão social.
Da redação com informações de agências de notícias
Redação do Movimento PB [MGN-OGO-08092025-F4D3B1-15P]
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