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Trump e Lula se reúnem na Malásia e evitam falar de Bolsonaro: foco foi o tarifaço e novas negociações bilaterais

Encontro de 40 minutos entre os presidentes marcou retomada do diálogo entre Brasil e EUA em meio a tensões comerciais; Trump afirmou “sentir-se mal” por Bolsonaro, mas disse que o tema “não interessa”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se encontraram neste domingo (26) em Kuala Lumpur, na Malásia, em uma reunião que durou cerca de quarenta minutos e simbolizou a tentativa de reaproximação entre os dois países após semanas de tensões tarifárias. O ex-presidente Jair Bolsonaro, citado brevemente por Trump antes do encontro, ficou de fora da pauta oficial.

Questionado por uma jornalista sobre Bolsonaro, Trump respondeu que “sempre gostou dele” e que “se sente mal pelo que ele está passando”, mas encerrou o assunto dizendo: “Isso não lhe interessa”. O comentário foi o único registro público sobre o ex-presidente brasileiro, que enfrenta restrições judiciais e segue inelegível.

Tarifaço e acordos comerciais dominaram a conversa

Segundo o chanceler brasileiro Mauro Vieira, as tarifas impostas pelos Estados Unidos ao Brasil foram o principal tema da reunião. Lula declarou que “não há motivo para qualquer desavença entre o Brasil e os EUA” e demonstrou otimismo quanto à possibilidade de acordos. “Tenho uma pauta muito longa para tratar com os Estados Unidos, e acredito que avançaremos”, afirmou.

Trump, por sua vez, disse acreditar em uma “boa relação” entre os dois países e afirmou que não pretende tratar de temas sensíveis, como a situação da Venezuela, “a menos que Lula queira”. Também mencionou a importância de construir “bons acordos” e ressaltou que “nenhuma tarifa deve ser definitiva”.

Rubio reforça disputa comercial com a China

O secretário de Estado americano, Marco Rubio, designado por Trump como principal negociador com o Brasil, declarou que “é benéfico para o Brasil ter os Estados Unidos, e não a China, como parceiro preferencial de comércio”. A fala reflete o contexto de disputa econômica global entre as duas potências, intensificada pelas tarifas de até 157% aplicadas por Washington sobre produtos chineses.

Rubio, que se reuniu recentemente com o chanceler Mauro Vieira em Washington, liderará novas conversas com o governo brasileiro durante a cúpula da ASEAN, também na Malásia. “Queremos resolver as questões bilaterais com o Brasil. Há disposição dos dois lados”, afirmou o secretário.

Brasil busca equilíbrio entre EUA e China

Atualmente, a China segue como o principal parceiro comercial do Brasil, absorvendo quase um terço das exportações nacionais. No entanto, o Palácio do Planalto vê com interesse a retomada de canais diplomáticos e econômicos com os EUA, especialmente após as ameaças tarifárias feitas por Trump em setembro. O governo brasileiro espera que o diálogo reduza a pressão sobre produtos agrícolas e minerais brasileiros.

Antes de embarcar para a Ásia, Trump admitiu a possibilidade de rever as tarifas “nas circunstâncias certas”, e Lula reafirmou seu otimismo: “Não tem exigência dele nem minha ainda. Vamos colocar os problemas na mesa e encontrar uma solução. Pode ficar certo que vai ter solução.”

Significado político e simbólico do encontro

O encontro entre os dois presidentes marca um raro momento de convergência diplomática entre Lula e Trump, que mantêm perfis ideológicos distintos, mas interesses comuns na busca por estabilidade comercial e influência no cenário internacional. Observadores veem o gesto como sinal de pragmatismo político de ambos os lados.

Ao evitar o tema Bolsonaro e centrar o diálogo em questões econômicas, Lula demonstrou disposição em preservar os canais diplomáticos com Washington, enquanto Trump sinalizou que pretende equilibrar as disputas com a China com aproximações estratégicas na América do Sul.

Da redação do Movimento PB — com informações da Reuters e da revista Veja.

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