A audiência da Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados com o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, nesta terça-feira (29/4), foi marcada por tensão e confronto entre parlamentares. O episódio evidenciou o clima de polarização política no Congresso e desviou o foco da apresentação das ações da pasta, originalmente programada para tratar da segurança pública no país.
O tumulto começou quando o deputado Gilvan da Federal (PL-ES), conhecido por seu discurso agressivo contra o governo Lula, usou seu tempo para atacar o presidente da República, referindo-se a ele como “descondenado” e acusando a atual gestão de “importar corruptos”. A crítica fazia alusão ao recente asilo concedido à ex-primeira-dama do Peru, Nadine Heredia, condenada por lavagem de dinheiro em seu país.
A fala inflamou o ambiente. O deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), líder da bancada do PT na Câmara, reagiu de forma contundente, acusando Gilvan de desrespeitar instituições e de propagar discursos de ódio. Farias ainda recordou que o parlamentar bolsonarista já havia, em outra ocasião, declarado que desejava a morte do presidente Lula — o que aumentou ainda mais a tensão no plenário.
A troca de ofensas rapidamente escalou para um confronto físico. Gilvan se levantou e partiu em direção a Lindbergh, que também reagiu, dando início a um princípio de briga que precisou ser contido por outros parlamentares. O presidente da comissão, deputado Paulo Bilynskyj (PL-SP), solicitou apoio da Polícia Legislativa para controlar a situação e evitar que a confusão tomasse proporções maiores.
Após alguns minutos de interrupção e dispersão do conflito, a sessão foi retomada, com o ambiente mais contido. Ainda assim, o incidente acabou ofuscando a apresentação do ministro Lewandowski, que procurava detalhar os planos da pasta para o combate à criminalidade e a gestão das políticas públicas de segurança.
O episódio evidencia, mais uma vez, a fragilidade do ambiente de diálogo entre os poderes e o uso recorrente de comissões temáticas como palcos de embates ideológicos. Até o momento, a presidência da Câmara ainda não se manifestou sobre possíveis sanções aos envolvidos.