A psicologia por trás da procrastinação

Por Amanda Jensen, Doutora em Psicologia
O que é procrastinação (e o que não é)?
Procrastinar é o ato de adiar tarefas voluntariamente, mesmo sabendo que isso pode trazer consequências negativas. Ao contrário do que muitos pensam, procrastinação não é simplesmente preguiça ou má gestão do tempo. Trata-se de um comportamento complexo que envolve fatores emocionais, cognitivos e até neurológicos.
Principais motivadores da procrastinação
- Inconsistência de tempo: Nosso cérebro tende a valorizar mais as recompensas imediatas do que os benefícios futuros. Isso significa que tarefas com retorno distante são facilmente deixadas de lado em favor de atividades mais prazerosas no presente.
- Problemas de autoestima: Pessoas com baixa autoestima podem procrastinar por medo de falhar ou de não serem boas o suficiente. O adiamento funciona como uma forma de evitar o julgamento — tanto dos outros quanto de si mesmas.
- Aversão percebida à tarefa: Quando uma atividade parece chata, difícil ou emocionalmente desconfortável, nosso cérebro ativa mecanismos de fuga. A procrastinação, nesse caso, é uma tentativa de evitar o sofrimento associado à tarefa.
- Isso faz da procrastinação uma estratégia de autoproteção, não uma falha de produtividade.
Quando não é apenas emocional: o papel da função executiva
Às vezes, a procrastinação também pode resultar de desafios com o funcionamento executivo — as funções do lobo frontal do cérebro que ajudam a planejar, priorizar, começar tarefas, permanecer focado e gerenciar metas e impulsos. Isso faz da procrastinação uma estratégia de autoproteção, não uma falha de produtividade.
Nota acadêmica: Estudos indicam que a procrastinação pode ser evidência de comprometimento na função executiva. Essas dificuldades estão associadas à capacidade de iniciar tarefas, manter o foco e controlar impulsos.
Experimente isto: comece de forma confusa
Uma estratégia eficaz para driblar a procrastinação é começar de forma imperfeita. Isso reduz a pressão por excelência e ajuda a quebrar o bloqueio inicial. O importante é iniciar, mesmo que de maneira desorganizada ou incompleta.
Como fazer isso:
- Escreva um rascunho desorganizado.
- Faça um esboço simples.
- Monte uma bibliografia básica.
O objetivo é gerar movimento. A clareza e a estrutura virão com o tempo — o primeiro passo é vencer a inércia.
Referência: Rinaldi, A. R., Roper, C. L., & Mehm, J. (2021). Procrastination as evidence of executive functioning impairment in college students. Applied Neuropsychology: Adult, 28(6), 697–706. https://doi.org/10.1080/23279095.2019.1684293
