Adeus ao “12 por 8”: Nova diretriz de hipertensão no Brasil rebaixa o que era normal e endurece metas de tratamento
Mudança histórica alinha país a padrões internacionais e visa reduzir drasticamente o número de infartos e AVCs. A partir de agora, o alvo para todos os pacientes é uma pressão abaixo de 13 por 8.
Aquela referência que por décadas serviu como um selo de tranquilidade para a saúde do coração acaba de ser redefinida. O famoso “12 por 8” (120/80 mmHg) deixou de ser o sinônimo de pressão arterial perfeitamente normal no Brasil. Uma nova diretriz, divulgada pelas principais sociedades de cardiologia do país, estabeleceu novos e mais rigorosos padrões para a classificação e o tratamento da hipertensão, em um movimento que busca reverter o cenário alarmante da doença, que atinge quase um terço dos adultos brasileiros.
A mudança mais impactante é a reclassificação dos níveis de pressão. Agora, valores que antes eram considerados normais ou “limítrofes” já acendem um sinal de alerta. Mas a transformação mais profunda está na meta de tratamento. Se antes manter a pressão abaixo de 14 por 9 era o objetivo para a maioria dos pacientes, a nova regra é clara e universal: o alvo recomendado agora é ficar com a pressão abaixo de 13 por 8 (, independentemente de idade, sexo ou da presença de outras doenças. É o fim da complacência com a pressão “quase boa”, uma adequação aos padrões europeus que já mostraram resultados significativos na redução de complicações graves como infarto, Acidente Vascular Cerebral (AVC) e insuficiência renal.
A nova diretriz também incorpora uma ferramenta mais inteligente e personalizada para a avaliação de risco, o escore PREVENT. Esse sistema calcula a probabilidade de um paciente sofrer um evento cardiovascular nos próximos 10 anos, levando em conta não apenas a pressão, mas um conjunto de fatores como obesidade, diabetes e níveis de colesterol. Isso permite que o tratamento seja mais intensivo e direcionado para quem realmente precisa, aproximando a prática clínica diária da chamada medicina de precisão.
Para quem não é da área, podemos simplificar alguns termos…
A pressão arterial é a força que o sangue faz contra as paredes das artérias. Ela é medida em dois números: o maior (sistólica) é a pressão quando o coração bate, e o menor (diastólica) é quando ele relaxa. O escore PREVENT funciona como uma calculadora de risco: você insere várias informações de saúde (idade, colesterol, se fuma, etc.) e ele estima a sua chance, em porcentagem, de ter um infarto ou AVC na próxima década. Já os “órgãos-alvo” são os órgãos que mais sofrem com a pressão alta ao longo do tempo: coração, cérebro, rins e olhos. A nova diretriz busca proteger esses órgãos antes que os danos apareçam.
Um olhar para o Brasil real: foco no SUS e na saúde da mulher
Talvez um dos avanços mais significativos e socialmente relevantes da nova diretriz seja a inclusão de capítulos inéditos e detalhados dedicados ao Sistema Único de Saúde (SUS) и à saúde da mulher. Reconhecendo a realidade de que 75% dos hipertensos no Brasil são acompanhados na rede pública, o documento traz recomendações adaptadas, priorizando medicamentos disponíveis no SUS, a importância de equipes multiprofissionais (com enfermeiros, nutricionistas e farmacêuticos) e o incentivo ao monitoramento da pressão em casa pelo próprio paciente.
Para as mulheres, as orientações abordam fases e condições específicas, como o uso de anticoncepcionais, os cuidados durante a gestação (especialmente para quem teve pré-eclâmpsia) e as mudanças hormonais da menopausa, que podem aumentar o risco de hipertensão. É um reconhecimento fundamental de que a saúde cardiovascular tem particularidades de gênero que precisam ser consideradas.
A atualização das diretrizes é mais do que uma mudança técnica para médicos; é um chamado à ação para toda a sociedade. Com apenas um terço dos hipertensos mantendo a pressão sob controle, a mensagem é clara: precisamos ser mais vigilantes e proativos. Para a população da Paraíba e de todo o Nordeste, onde a hipertensão tem alta prevalência, a nova regra significa que a visita regular ao posto de saúde e a adesão ao tratamento tornaram-se ainda mais vitais. Não se trata de alarmismo, mas de uma poderosa ferramenta de prevenção para garantir que mais brasileiros possam viver mais e, acima de tudo, melhor.
Redação do Movimento PB [NMG-OGO-19092025-P1Q5R9-13P]
Descubra mais sobre Movimento PB
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.