Saúde

“Alzheimer vai muito além da perda de memória”: neurologista alerta para os sinais silenciosos que todos ignoram

“Alzheimer vai muito além da perda de memória”: neurologista alerta para os sinais silenciosos que todos ignoram

Doença que apaga a mente também afeta o humor e o comportamento, mas a construção de uma ‘reserva cognitiva’ ao longo da vida pode ser a chave para adiar a tragédia, em uma batalha que começa décadas antes do primeiro esquecimento.

O Alzheimer, uma das doenças mais temidas da nossa era, evoca imediatamente a imagem da perda de memória. No entanto, especialistas alertam que reduzir a condição a um simples esquecimento é um erro perigoso que pode retardar o diagnóstico e a compreensão de seu real impacto. Dados da plataforma Doctoralia mostram um interesse crescente e assustado sobre o tema, com as buscas pelo termo disparando nos últimos anos. Em meio a essa onda de preocupação, a neurologista Carolina Alvarez faz um alerta crucial: o Alzheimer é um ladrão de identidades que começa a agir muito antes de roubar as memórias mais preciosas.

A doença é uma condição neurodegenerativa progressiva, causada pela morte de células cerebrais e pelo acúmulo de proteínas anormais que sabotam a comunicação entre os neurônios. Conforme a doença avança, a autonomia do paciente é minada, e o impacto reverbera por toda a família, transformando a rotina de cuidadores em uma jornada de dedicação e dor. “O Alzheimer vai muito além da perda de memória. Existem aspectos importantes que nem todo mundo conhece, como as alterações de humor, com irritabilidade e apatia, e até mudanças de comportamento podem surgir nos estágios iniciais”, alerta a médica.

Para quem não é da área, podemos simplificar alguns termos…

O cérebro de um paciente com Alzheimer sofre um ataque em duas frentes. Proteínas tóxicas, chamadas beta-amiloide e tau, se acumulam e formam placas e emaranhados, funcionando como um “lixo” que impede a comunicação entre os neurônios, levando-os à morte. A boa notícia é que podemos nos defender. A “reserva cognitiva” é como uma “poupança” ou uma “musculação” para o cérebro. Quanto mais estudamos, lemos e socializamos, mais conexões neurais criamos. Um cérebro com uma grande reserva cognitiva é mais resiliente; mesmo que a doença comece a atacar, ele possui “rotas alternativas” que conseguem compensar os danos, retardando o aparecimento dos sintomas por anos.

Prevenção: a batalha que começa hoje

Embora ainda não haja cura, a ciência é unânime em afirmar que o estilo de vida é um fator decisivo para retardar ou até prevenir o Alzheimer. A neurologista Carolina Alvarez destaca que noites mal dormidas, sedentarismo e isolamento social são gatilhos perigosos. A prevenção é um trabalho diário, construído com hábitos que protegem não apenas o corpo, mas principalmente a mente. A lista de cuidados é um verdadeiro manual para um envelhecimento saudável, incluindo a prática regular de atividades físicas, uma alimentação rica em nutrientes, o estímulo constante da mente com novos aprendizados, uma vida social ativa e o cuidado com a saúde do coração. Controlar a pressão, o diabetes e o colesterol é proteger diretamente as artérias que irrigam o cérebro.

A construção da reserva cognitiva ao longo da vida é, talvez, a arma mais poderosa que temos. “Se o indivíduo tiver o cérebro bem-preparado, mesmo que venha a desenvolver Alzheimer, a doença vai demorar mais para se manifestar”, afirma a neurologista. Isso significa que a batalha contra o esquecimento não começa aos 60 anos, mas na juventude e na vida adulta, com cada livro lido, cada novo idioma aprendido, cada conversa compartilhada. A reserva cognitiva não impede o Alzheimer, mas pode atrasar o início ou suavizar os sintomas, dando anos preciosos de lucidez e qualidade de vida.

O interesse crescente pelo Alzheimer reflete um medo coletivo, mas a ciência nos mostra que o roteiro dessa tragédia não está selado. Esquecer um compromisso é normal; a perda de memória frequente, acompanhada de confusão e mudanças de humor, é um sinal de alerta que exige uma visita ao médico. A mensagem mais importante, no entanto, é que a prevenção é um ato de responsabilidade com o nosso “eu” do futuro. A batalha contra o Alzheimer começa hoje, nas escolhas que fazemos para manter nosso cérebro não apenas funcionando, mas vibrante, curioso e conectado.

Redação do Movimento PB

Redação do Movimento PB [NMG-OOG-16102025-A4B8C1-13P]