Anvisa aprova uso do Mounjaro para tratar apneia obstrutiva do sono
Medicamento já usado contra diabetes e obesidade mostra alta eficácia também na redução de interrupções respiratórias durante o sono
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso do Mounjaro (tirzepatida) para o tratamento da apneia obstrutiva do sono em pacientes obesos com quadros moderados a graves. A decisão, publicada no Diário Oficial da União na última sexta-feira (18), amplia as indicações terapêuticas do medicamento, já autorizado para diabetes tipo 2 e controle de peso.
A medida representa uma nova frente de combate a uma condição que afeta milhões de brasileiros e que, além de prejudicar a qualidade do sono, está associada a riscos aumentados de hipertensão, AVC e doenças cardíacas. O remédio continua sendo vendido apenas sob prescrição médica e acompanhamento profissional.
Estudos indicam melhora significativa no sono e na perda de peso
O aval da Anvisa foi baseado em um estudo clínico de fase 3 conduzido pela farmacêutica Eli Lilly, com 469 participantes de países como Brasil, Estados Unidos, China e Alemanha, ao longo de 52 semanas. Os resultados apontaram que a tirzepatida, em doses de 10 mg e 15 mg, foi cerca de cinco vezes mais eficaz que o placebo na redução das interrupções respiratórias em pacientes que não utilizavam o aparelho de CPAP (pressão positiva contínua nas vias aéreas).
Em números, os pacientes tratados com Mounjaro registraram 27 interrupções respiratórias a menos por hora, contra apenas cinco entre os que receberam placebo. Nos casos de pacientes que combinavam o medicamento ao uso do CPAP, a melhora foi ainda mais expressiva — 30 interrupções a menos por hora, em comparação com seis no grupo placebo.
Metade dos pacientes apresentou regressão dos sintomas
Após um ano de tratamento, 42% dos adultos que utilizaram apenas o Mounjaro apresentaram regressão da apneia para quadros leves, sem sintomas. Entre os que combinaram o remédio ao CPAP, a remissão chegou a 50%. No grupo placebo, apenas entre 14% e 16% dos pacientes tiveram melhora.
Os resultados também destacaram o impacto expressivo na perda de peso: em média, os usuários da tirzepatida perderam 20,4 kg (18% do peso corporal), enquanto aqueles que associaram o uso ao CPAP perderam cerca de 22,7 kg (20%). Já os pacientes que receberam placebo tiveram perda modesta, entre 1,8 kg e 2,7 kg.
Condição comum e subdiagnosticada
A apneia obstrutiva do sono é caracterizada por pausas repetidas na respiração durante o sono, o que causa ronco intenso, sonolência diurna, cansaço e dores de cabeça ao acordar. O distúrbio afeta especialmente homens de meia-idade e idosos, mas também ocorre em mulheres, principalmente após a menopausa.
O tratamento tradicional envolve o uso de aparelhos de CPAP e mudanças no estilo de vida, como perda de peso e prática de atividade física. A chegada do Mounjaro, portanto, representa um avanço terapêutico importante para quem enfrenta dificuldade de adesão ao tratamento mecânico.
Especialistas alertam, contudo, que o medicamento pode causar efeitos colaterais e deve ser prescrito apenas após avaliação clínica detalhada. Como destacou uma paciente, “mesmo com acompanhamento médico, o remédio pode provocar reações intensas, especialmente nas primeiras doses”.
Da redação, com informações do UOL VivaBem e Eli Lilly
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