Saúde

Aumento de casos de autismo e TDAH não é epidemia, explica ciência

Melhora no diagnóstico, ampliação do conceito de “espectro” e maior informação são as reais razões para a alta nos números.

Nas últimas décadas, a percepção de casos de autismo e TDAH (transtorno de déficit de atenção e hiperatividade) parece ter explodido. Se antes era raro ouvir falar desses transtornos, hoje é comum conhecer alguém diagnosticado. Essa sensação é reforçada por números: segundo o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) dos EUA, a prevalência de autismo saltou de uma em 10 mil crianças nos anos 1970 para uma em cada 44 em 2022. Diante desse cenário, a pergunta é natural: vivemos uma epidemia silenciosa?

A resposta da ciência é não. O que mudou, na verdade, foi a nossa capacidade de enxergar o que antes passava completamente despercebido. A principal razão para o aumento estatístico é a própria transformação dos conceitos de autismo e TDAH ao longo do tempo.

Diagnóstico mais preciso e inclusivo

A definição de TEA (transtorno do espectro autista) foi atualizada diversas vezes. Antes, o diagnóstico restringia-se a quadros graves, como crianças com grande dificuldade de fala, interação social ou comportamento repetitivo intenso. Hoje, o termo “espectro” abrange desde essas formas severas até manifestações leves, em que a pessoa leva uma vida autônoma, mas enfrenta desafios de comunicação e sensibilidade sensorial.

O mesmo processo ocorreu com o TDAH. O que antes era rotulado apenas como “criança distraída ou agitada”, passou a ser entendido como uma condição neurológica com bases genéticas e padrões de funcionamento cerebral específicos. Essas revisões, somadas à disseminação de informações, à capacitação de profissionais e ao maior engajamento das famílias, ampliaram a detecção. O autismo e o TDAH sempre existiram; o que mudou foi o olhar sobre eles.

Conhecimento não é modismo

Apesar do avanço, ainda há quem desconfie dos diagnósticos, tratando-os como “moda” ou “exagero”. Especialistas alertam que essa visão é distante da realidade. Um diagnóstico não é rótulo, é uma ferramenta de cuidado. Ele orienta tratamentos personalizados, adaptações escolares, inclusão social e, o mais importante: compreensão.

Ignorar ou deslegitimar esses transtornos apenas aumenta o sofrimento de quem vive com eles. Hoje, pais e cuidadores estão mais atentos aos sinais que antes passavam despercebidos: o bebê que evita contato visual, não responde ao nome, repete gestos ou estranha mudanças de rotina. Quanto mais cedo o diagnóstico, melhores as chances de intervenção e apoio.

Da redação do Movimento PB. [GMN-OOG-08112025-E1A9C4B-V18.2]