Cérebro flex: estudo mostra que neurônios também usam gordura como combustível
Por décadas, acreditava-se que o cérebro humano dependia exclusivamente da glicose para gerar energia. No entanto, uma pesquisa recente da University of Queensland, na Austrália, publicada na revista Nature Metabolism, revelou que os neurônios são muito mais flexíveis do que se imaginava: eles também conseguem usar gorduras como fonte de energia.
Nova visão sobre o metabolismo cerebral
De acordo com a bioengenheira Merja Joensuu, especialista em lipídios e líder da pesquisa, as gorduras são parte crucial do metabolismo energético do neurônio. Essa descoberta pode abrir caminhos para novas terapias em doenças neurológicas e ajudar a restaurar funções cerebrais comprometidas.
“Compreender esse combustível alternativo do cérebro pode ajudar a abrir caminho para tratamentos mais eficazes de doenças neurológicas”, destacou Joensuu.
O papel das gorduras no cérebro
O estudo investigava um gene relacionado à paraplegia espástica, uma doença rara que afeta os movimentos. Os cientistas perceberam que, quando esse gene falha, ocorre um desequilíbrio no metabolismo das gorduras, prejudicando o funcionamento dos neurônios.
A pesquisa revelou que os neurônios queimam pequenas moléculas de gordura para se comunicar entre si. Quando essa fonte de energia é perdida, a atividade cerebral fica comprometida e sintomas neurológicos surgem.
Experimentos que mudaram a visão da ciência
Para testar a hipótese, os pesquisadores forneceram ácidos graxos saturados livres — suplementos de gorduras — a animais com defeitos no gene estudado. O resultado foi surpreendente: houve recuperação da energia e da função dos neurônios. Por outro lado, o uso de doses elevadas de glicose não trouxe os mesmos benefícios.
“Foi uma mudança enorme de visão. Mostrou que neurônios saudáveis produzem essas gorduras e as usam como combustível. Em doenças onde esse processo falha, a energia pode ser restaurada com suplementos”, explicou Joensuu.
Possíveis impactos em doenças neurológicas
Essa descoberta pode se tornar peça-chave para entender e tratar enfermidades debilitantes como o Alzheimer. A próxima etapa será avaliar a eficácia terapêutica e a segurança dos ácidos graxos em estudos pré-clínicos, antes de iniciar testes em humanos.
Se confirmada, a pesquisa poderá transformar o entendimento científico sobre o funcionamento energético do cérebro e abrir caminho para tratamentos de distúrbios metabólicos cerebrais até então considerados intratáveis.
Da redação, com informações de agências internacionais.
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