Como a saúde do fígado influencia a qualidade e a regularidade do sono
Órgão essencial na regulação hormonal e metabólica, o fígado tem papel direto na manutenção de um sono reparador
O sono e o fígado estão mais conectados do que muita gente imagina. Além de ser responsável pela digestão e pela eliminação de toxinas, o fígado atua na produção e na metabolização de hormônios que controlam o ciclo do sono, como a melatonina e o cortisol. Quando esse equilíbrio é afetado, surgem dificuldades para adormecer e manter um descanso de qualidade.
Alterações hepáticas — provocadas por doenças, má alimentação ou consumo excessivo de álcool — podem modificar o funcionamento dos ritmos circadianos, que regulam os períodos de sono e vigília. O resultado é um corpo desajustado, com tendência a dormir em horários irregulares e apresentar cansaço durante o dia.
O papel do fígado no ciclo circadiano
O organismo segue um relógio biológico interno que determina os momentos ideais de descanso e de atividade. Nesse processo, o fígado ajuda a metabolizar hormônios do sono, como a melatonina, e regula a liberação de glicose, garantindo energia durante o dia. O órgão também possui seu próprio ritmo circadiano, sincronizado ao do cérebro, coordenando funções metabólicas e hormonais fundamentais.
Quando esse ritmo interno se desorganiza — por má alimentação, estresse ou falta de sono — o corpo perde a capacidade de identificar corretamente os momentos de descanso. Isso pode gerar inversão de horários, insônia noturna e sonolência excessiva diurna.
Como a falta de sono prejudica o fígado
A relação entre sono e fígado é bidirecional: problemas hepáticos afetam o descanso, e dormir mal também prejudica o órgão. A privação de sono eleva os níveis de cortisol e glicose no sangue, o que sobrecarrega o fígado e contribui para o acúmulo de gordura — condição conhecida como esteatose hepática.
De acordo com o especialista em sono Gleison Guimarães, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), “um descanso de má qualidade não afeta apenas o cérebro, mas prejudica o metabolismo hepático e aumenta o risco de complicações em pacientes com doenças do fígado”.
Distúrbios do sono em doenças hepáticas
Doenças crônicas como hepatite, cirrose e fígado gorduroso reforçam a ligação entre o órgão e o sono. O acúmulo de toxinas — como amônia e bilirrubina — pode afetar o sistema nervoso central e alterar a arquitetura do sono, provocando despertares noturnos, fadiga e, em casos graves, confusão mental (encefalopatia hepática).
Segundo especialistas, a insônia pode ser um dos primeiros sinais de disfunção hepática. Entre os sintomas mais comuns estão:
- Demora para adormecer;
- Piora na qualidade do sono;
- Menos horas dormidas;
- Insônia persistente;
- Sonolência diurna excessiva;
- Tendência a dormir e acordar muito tarde.
O gastroenterologista Adriano Colares, do Hospital Anchieta, destaca ainda que “outros sinais de alerta incluem cansaço constante, confusão mental leve e coceira na pele, que pode indicar acúmulo de toxinas no organismo”.
Como proteger o fígado e melhorar o sono
Manter horários regulares para dormir e acordar é o primeiro passo para restaurar o equilíbrio entre o fígado e o ciclo do sono. Evitar álcool, cafeína e refeições pesadas à noite também ajuda a reduzir a sobrecarga do órgão. Além disso, diminuir a exposição a luzes e telas antes de dormir estimula a produção natural de melatonina.
Em casos específicos, médicos podem recomendar suplementação hormonal, tratamentos comportamentais ou ajustes em medicamentos, levando em conta o estado do fígado. Essas estratégias combinadas melhoram o descanso, reduzem inflamações e fortalecem a saúde hepática.
Da redação, com informações do Metrópoles
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