Creatina Não Melhora Funções Cognitivas e Não é Indicada para Todos, Alertam Especialistas
A creatina, suplemento amplamente utilizado por atletas para melhorar o desempenho físico, tem sido promovida nas redes sociais como uma solução para aprimorar funções cognitivas, como memória e concentração. No entanto, especialistas consultados pela *Superinteressante* afirmam que não há evidências científicas sólidas que comprovem esses benefícios. Além disso, o uso indiscriminado do suplemento pode trazer riscos à saúde, especialmente para pessoas com condições médicas específicas, reforçando que a creatina não é indicada para todos.
O Que Diz a Ciência Sobre a Creatina e a Cognição?
Estudos iniciais sugeriram que a creatina, uma molécula que auxilia na produção de energia celular, poderia melhorar a performance cognitiva em situações de estresse mental, como privação de sono. No entanto, revisões recentes, incluindo uma análise de 2023 publicada no *Journal of Sports Medicine*, mostram que os resultados são inconclusivos. “Não há dados robustos que confirmem a creatina como um potencializador cognitivo”, explica a neurocientista Ana Clara Almeida. Pesquisas apontam que qualquer efeito percebido pode estar relacionado ao placebo ou a benefícios indiretos, como maior energia física, que não se traduzem diretamente em melhorias na memória ou no foco.
Riscos do Uso Indiscriminado
Embora a creatina seja considerada segura para a maioria das pessoas saudáveis quando usada em doses recomendadas (3 a 5 gramas por dia), ela pode sobrecarregar os rins e o fígado em indivíduos com problemas renais ou hepáticos. O endocrinologista Pedro Santos alerta que o suplemento pode causar retenção de líquidos, aumento da pressão arterial e, em casos raros, arritmias cardíacas. “Pessoas com diabetes, hipertensão ou gestantes devem evitar a creatina sem orientação médica”, afirma. Além disso, a qualidade do suplemento é uma preocupação, já que produtos mal regulamentados podem conter contaminantes, aumentando os riscos à saúde.
Moda nas Redes Sociais e Desinformação
A popularidade da creatina para fins cognitivos cresceu impulsionada por influenciadores digitais, que promovem o suplemento como uma “pílula milagrosa” para produtividade. Vídeos no TikTok e Instagram, que acumulam milhões de visualizações, associam a creatina a benefícios não comprovados, ignorando os limites científicos. A nutricionista esportiva Mariana Lopes destaca que essa narrativa é perigosa, pois leva ao consumo sem supervisão profissional. “A suplementação deve ser personalizada, considerando dieta, rotina de treinos e condições de saúde”, explica.
Quando a Creatina é Recomendada?
A creatina é eficaz para melhorar o desempenho em atividades físicas de alta intensidade, como musculação e esportes de explosão, ao aumentar a disponibilidade de energia nos músculos. Para esses casos, ela é amplamente estudada e considerada segura para adultos saudáveis. No entanto, sua indicação para outros fins, como melhora cognitiva ou tratamento de doenças neurológicas, carece de embasamento. “A ciência ainda está longe de recomendar creatina para o cérebro”, reforça Almeida. Indivíduos vegetarianos, que têm menor ingestão natural de creatina, podem se beneficiar do suplemento, mas apenas com acompanhamento.
Cuidados e Recomendações
Especialistas recomendam consultar um médico ou nutricionista antes de iniciar o uso de creatina, especialmente para avaliar a função renal e hepática. A hidratação adequada é essencial, já que o suplemento pode causar desidratação em doses elevadas. Além disso, é fundamental adquirir produtos de marcas confiáveis, certificadas por órgãos regulatórios como a Anvisa. “O consumidor precisa estar atento à procedência e evitar promessas exageradas”, alerta Lopes. A educação sobre suplementação é crucial para combater a desinformação e promover um uso responsável.
Perspectiva para um Consumo Consciente
A onda de entusiasmo pela creatina nas redes sociais reflete a busca por soluções rápidas, mas a ciência reforça a importância de decisões baseadas em evidências. Enquanto o suplemento segue como uma ferramenta valiosa para atletas, sua aplicação para funções cognitivas carece de validação. A conscientização sobre os riscos e a necessidade de orientação profissional são passos essenciais para garantir que a suplementação seja segura e eficaz. Priorizar a saúde e o rigor científico é o caminho para evitar modismos e proteger o bem-estar em um mundo inundado por promessas de soluções milagrosas.
Da redação com informações de Superinteressante [XGR-XAI-15072025-1928-G3M]