Nova norma do MTE torna obrigatório gerenciar riscos emocionais no trabalho a partir de 2025, indo além do lucro pra proteger a saúde mental.
Trabalhar nunca foi moleza. Pode ser gratificante, às vezes até divertido, mas exige esforço, energia e, sim, um pouco de suor. Se fosse fácil, ninguém pagaria pra fazer. O esforço traz recompensa, mas também desgaste — isso é fato. Faz parte do pacote, e quem já passou dos 40 costuma dizer que os mais jovens não aguentam o tranco, que são frágeis ou preguiçosos. Será?
Uma olhada no passado mostra que essa crítica é velha conhecida. Em 1980, a revista Time já falava dos jovens da Geração X: “Eles fogem de decisões, preferem escalar montanhas a subir na carreira, têm poucos ídolos e uma atenção curtíssima”. Parece familiar? Os millennials de hoje levam os mesmos rótulos que os baby boomers jogaram na geração anterior — e até eles já pegam no pé da Geração Z, chamando-a de sensível demais nas redes sociais. É um ciclo sem fim.
Mas o ponto aqui é o trabalho e o quanto ele cobra da gente. Sempre vai ter algum cansaço, só que às vezes passa do limite. Quando isso acontece, não é só questão de suportar — a sociedade precisa agir pra evitar abusos e proteger quem tá na linha de frente. É aí que entra a novidade da Norma Regulamentadora 1 (NR-1), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que agora obriga empresas a olhar de perto os riscos emocionais no ambiente laboral.
A NR-1 já exigia o gerenciamento de riscos ocupacionais, como acidentes, exposição a produtos químicos ou problemas ergonômicos. A partir de 2025, porém, os riscos psicossociais — aqueles que mexem com a cabeça e o bem-estar — passam a fazer parte dessa lista. O plano de prevenção, revisado a cada dois anos, vai ter que mapear e enfrentar esses desafios, que vão além do físico e tocam na saúde mental.
O objetivo é nobre: tem lugar que desgasta a coluna, tem lugar que ameaça a sanidade. Mas como identificar o que é risco emocional? Não é tão simples quanto colocar um capacete ou luvas. Levantei uma lista com base em órgãos como a Agência Europeia de Segurança e Saúde no Trabalho e o Centro Canadense de Saúde Ocupacional, e achei mais de 40 fatores — desde lidar com clientes chatos até equilibrar vida pessoal e trabalho. Na prática, é um bicho de sete cabeças.
Mesmo assim, dá pra simplificar. Alguns pontos aparecem em todas as listas e podem ser medidos com perguntas diretas: demandas contraditórias, falta de clareza nas funções, comunicação ruim, insegurança no emprego, assédio, pouco apoio de chefes ou colegas, excesso de tarefas e mudanças mal planejadas. Esses itens fazem sentido — ninguém aguenta trabalhar sem saber o que esperam de você ou com uma pilha de tarefas impossível.
Pra empresas, isso não é só uma questão de ética ou de cumprir a lei, que agora manda fazer. É também um bom negócio. Cuidar do emocional dos funcionários reduz faltas, aumenta a produtividade e evita problemas maiores. Antes, gerenciar esses riscos era uma vantagem pra quem queria lucrar mais. Agora, virou regra — e quem não se adaptar pode sentir no bolso e na Justiça.
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Texto adaptado de informações do MTE e revisado pela nossa redação.