Saúde

Metanol já matou 15 no Brasil e acende o alerta na Paraíba, mesmo com caso de Campina descartado

Metanol já matou 15 no Brasil e acende o alerta na Paraíba, mesmo com caso de Campina descartado

Enquanto o país registra 209 casos suspeitos de intoxicação por bebidas adulteradas, laudo do IPC de Campina Grande descarta metanol em morte investigada no estado, mas crise nacional reforça a urgência da vigilância.

Um surto silencioso e letal está se espalhando pelo Brasil, colocando em alerta máximo as autoridades de saúde. A intoxicação por metanol, um álcool industrial altamente tóxico usado criminosamente na falsificação de bebidas, já soma 209 casos suspeitos, com 14 confirmações e 15 mortes em investigação em todo o país. A crise, que se concentra no estado de São Paulo, gerou apreensão na Paraíba, mas um laudo recente trouxe um alívio parcial: o Instituto de Perícia Científica (IPC) de Campina Grande descartou a presença da substância no corpo do homem cuja morte era investigada como o primeiro caso suspeito no estado.

Apesar da boa notícia local, a situação nacional é gravíssima e exige vigilância constante de consumidores e autoridades. O metanol é um inimigo invisível. Líquido e incolor, seu cheiro e sabor são praticamente indistinguíveis do etanol (o álcool seguro das bebidas), tornando a detecção caseira impossível. O perigo reside na forma como nosso corpo processa a substância: o fígado a transforma em formaldeído e ácido fórmico, compostos extremamente tóxicos que atacam o sistema nervoso e podem levar à cegueira, insuficiência respiratória e morte em questão de horas.

Para quem não é da área, podemos simplificar alguns termos…

Pense no seu fígado como uma fábrica. Quando você consome etanol (o álcool de uma cerveja ou cachaça legítima), a fábrica o transforma em produtos que o corpo consegue eliminar sem grandes danos. No entanto, quando o metanol entra no sistema, a mesma fábrica, seguindo suas instruções, o transforma em formaldeído (a mesma substância usada para conservar cadáveres) e ácido fórmico (o veneno encontrado na picada de formigas). Esses compostos desencadeiam uma “guerra química” dentro do corpo, atacando principalmente o nervo óptico e o cérebro, o que explica a rapidez e a gravidade dos sintomas.

Sintomas, tratamento e a resposta do governo

Os sinais de intoxicação por metanol podem surgir rapidamente e são severos, incluindo náuseas, vômitos, dor abdominal e, o sintoma mais característico, alterações visuais que podem evoluir para a cegueira permanente. O tratamento precisa ser imediato e agressivo, envolvendo o uso de antídotos como o fomepizol ou o etanol farmacêutico, e muitas vezes a hemodiálise, para filtrar o veneno do sangue. Cada minuto conta para reverter os danos neurológicos.

Diante da escalada dos casos, o Ministério da Saúde instalou uma Sala de Situação para monitorar o surto em tempo real e já iniciou a distribuição dos antídotos para os estados. A recomendação é clara: a notificação de qualquer caso suspeito por parte dos hospitais deve ser imediata. Para a população, o alerta é ainda mais direto. Evite ao máximo o consumo de bebidas de origem duvidosa, vendidas sem rótulo ou com preços muito abaixo do mercado. A aparente economia pode custar a sua vida.

O descarte do caso suspeito na Paraíba é um alívio, mas não pode gerar uma falsa sensação de segurança. A crise nacional demonstra a audácia e a crueldade de redes criminosas que lucram com a adulteração de produtos, tratando a vida humana como um dano colateral aceitável. A vigilância, tanto do poder público quanto de cada cidadão ao escolher o que consome, é a única arma eficaz para garantir que a tragédia que assola o Brasil não encontre novas vítimas em solo paraibano.

Redação do Movimento PB

Redação do Movimento PB [NMG-OGO-12102025-E1F9A3-13P]