O inimigo oculto do seu fígado não é a gordura, mas um vilão disfarçado de ‘saudável’ nos industrializados
Endocrinologista alerta: o xarope de frutose, presente em refrigerantes, sucos, molhos e até pães, é o verdadeiro responsável pelo “fígado gorduroso” e por uma cascata de doenças metabólicas.
Quando pensamos em proteger a saúde do nosso fígado, a primeira imagem que vem à mente é a de cortar frituras e alimentos gordurosos. No entanto, o endocrinologista João Sório, em um alerta recente, aponta para um inimigo muito mais sorrateiro e onipresente em nossa dieta moderna: o xarope de frutose. Escondido em uma infinidade de produtos industrializados, este adoçante barato e potente é, segundo o médico, o verdadeiro vilão por trás do crescente número de casos de “fígado gorduroso”, mesmo em pessoas que se consideram saudáveis.
O perigo reside na confusão que o nome “frutose” pode causar. A frutose encontrada naturalmente nas frutas não é um problema. Pelo contrário, ela vem acompanhada de um pacote de benefícios, como fibras, vitaminas e antioxidantes, que ajudam o corpo a metabolizá-la de forma segura. O problema, como esclarece Sório, está na sua versão industrial. “O problema está no xarope de frutose, usado para adoçar produtos industrializados”, afirma o endocrinologista. Extraído do milho e processado quimicamente, este xarope é uma forma ultraconcentrada de açúcar que sobrecarrega o fígado de uma maneira única e perigosa.
Ao contrário da glicose, que pode ser usada como energia por quase todas as células do corpo, a frutose industrializada é metabolizada quase que exclusivamente no fígado. Quando consumida em excesso, o órgão não dá conta do recado e transforma esse excesso diretamente em gordura. Este processo contínuo leva à esteatose hepática não alcoólica, o popular “fígado gorduroso”, uma condição que serve como porta de entrada para problemas mais graves, como a cirrose.
Onde o vilão se esconde? Em quase toda parte
A onipresença do xarope de frutose é assustadora. Ele não está apenas nos refrigerantes e sucos de caixinha. A substância é usada pela indústria para dar sabor, cor e textura a uma gama imensa de produtos, muitos deles disfarçados de saudáveis. É crucial se tornar um detetive de rótulos. Segundo João Sório, o ingrediente pode aparecer com vários nomes: xarope de milho, glicose frutose, glicose/frutose ou frutose/glicose. “Se encontrar alguma sigla ou termo que não conhece, pesquise antes de consumir”, recomenda.
A lista de produtos que frequentemente contêm o adoçante inclui:
- Bebidas açucaradas (refrigerantes, sucos industrializados, achocolatados)
- Biscoitos recheados, cookies e produtos de confeitaria
- Molhos e condimentos (ketchup, maionese, mostarda e mel industrializados)
- Sobremesas prontas e sorvetes
- Pães de forma, bolos embalados e cereais matinais
O excesso de frutose industrializada não afeta apenas o fígado. Ele está diretamente associado ao aumento da resistência à insulina, abrindo caminho para o diabetes tipo 2 e a obesidade. A solução, segundo o médico, não é um remédio milagroso, mas uma mudança de paradigma na nossa alimentação.
O primeiro passo é simples, mas poderoso: desembalar menos e descascar mais. “Quando a alimentação é baseada em comida de verdade, como frutas, legumes, proteínas magras e gorduras boas, o fígado trabalha melhor e tem menos chance de acumular gordura”, destaca o endocrinologista. A guerra contra o fígado gorduroso não é, portanto, uma guerra contra a gordura em si, mas contra a artificialidade e o excesso de açúcar disfarçado que a indústria alimentícia nos oferece a cada corredor de supermercado. A saúde do nosso fígado depende menos de contar calorias e mais de ler rótulos e fazer escolhas conscientes.
Redação do Movimento PB
Redação do Movimento PB [NMG-OGO-11102025-A1B3C8-13P]