Saúde

O lado esquecido da saúde mental: suicídio entre idosos cresce sem a devida atenção

Enquanto as políticas de prevenção se concentram nos jovens, as taxas de suicídio têm aumentado consistentemente entre pessoas com mais de 55 anos, principalmente homens.

Enquanto o trabalho de prevenção do suicídio historicamente se concentra nos jovens, um grupo de alta vulnerabilidade tem sido deixado de lado: os idosos. Segundo o professor Mark Salzer, da Temple University, há um consenso equivocado de que a depressão é uma parte natural do envelhecimento, o que tem levado a uma negligência nas políticas de saúde mental. A realidade, no entanto, é que as taxas de suicídio têm crescido consistentemente entre a população com 55 anos ou mais nas últimas duas décadas, um problema que exige atenção urgente.

Um grupo que se destaca nessa estatística é o de homens mais velhos, que, apesar de não apresentarem problemas financeiros ou de saúde graves, enfrentam uma crise de identidade. Segundo especialistas, a identidade masculina tradicional, baseada na capacidade de ser o provedor e de se sustentar, sofre um duro golpe com a aposentadoria ou a necessidade de cuidados. O psiquiatra Yeates Conwell, da University of Rochester Medical Center, explica que, ao contrário das mulheres, que costumam cultivar laços de apoio, os homens se apoiam na carreira e no trabalho, tornando a transição para a aposentadoria um momento de extremo estresse e vulnerabilidade.

Os números nos Estados Unidos são alarmantes: para cada 100 mil homens entre 75 e 84 anos, 38,2 mortes são por suicídio, e o número sobe para 55,7 para aqueles com mais de 85. Essa taxa é 16 vezes maior que a registrada entre mulheres da mesma faixa etária. A principal explicação para a diferença nas estatísticas, apesar de ambos os gêneros tentarem o suicídio na mesma proporção, é o método. As tentativas que utilizam armas de fogo, mais comuns entre os homens, raramente não são fatais.

O desafio de expressar vulnerabilidade e a falta de uma rede de apoio emocional tornam os homens mais velhos um grupo de risco. Eventos estressantes como divórcio, insegurança financeira e a saída do mercado de trabalho são agravados pela ausência de laços sociais. O tema é um alerta, especialmente em um país como o Brasil, onde a população idosa cresce a cada ano, e destaca a necessidade de que as políticas de saúde mental incluam a prevenção e o tratamento da depressão entre os mais velhos, desmistificando a ideia de que a tristeza e a falta de perspectiva são aspectos naturais da idade avançada.

Da redação com informações da Folha de S.Paulo

Redação do Movimento PB GME-GOO-21082025-A8F4C2-25F


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