Outubro Rosa além do laço: A fisioterapia como arma secreta na reconstrução da vida após o câncer de mama
No mês de conscientização, especialistas da Paraíba alertam: a reabilitação física é tão crucial quanto a cirurgia, e a ausência dela pode deixar marcas permanentes em até 70% das pacientes.
Quando a sirene do tratamento oncológico silencia e a batalha mais intensa contra o câncer de mama parece ter chegado ao fim, uma nova jornada, muitas vezes silenciosa e solitária, começa para milhares de mulheres. O Outubro Rosa, campanha vital para a prevenção e o diagnóstico precoce, precisa ampliar seu foco para iluminar esse “dia seguinte”. É nesse cenário de reconstrução que a fisioterapia se revela uma aliada essencial e poderosa, uma verdadeira arma secreta para devolver não apenas o movimento, mas a qualidade de vida e a autoestima roubadas pela doença.
Após uma cirurgia como a mastectomia, o corpo carrega as cicatrizes de uma guerra. As sequelas são comuns e debilitantes: a dificuldade para levantar o braço, o risco de um inchaço crônico chamado linfedema, dores e alterações de postura. Atividades simples, como pentear o cabelo ou vestir uma blusa, podem se tornar desafios dolorosos. Segundo a professora Bruna Pires, do curso de Fisioterapia da Faculdade Internacional da Paraíba (FPB), os números são alarmantes. “Estudos mostram que cerca de 70% das mulheres que não fazem acompanhamento fisioterapêutico apresentam algum grau de limitação funcional; já com o tratamento adequado, esse índice cai para menos de 20%”, destaca a especialista.
Para quem não é da área, podemos simplificar alguns termos…
Durante a cirurgia para a retirada do câncer de mama, é comum que os gânglios linfáticos (pequenas estruturas de defesa) da axila também sejam removidos. O sistema linfático funciona como uma rede de “drenagem” do corpo. Quando essa rede é danificada, o líquido (linfa) pode se acumular no braço, causando o linfedema, um inchaço persistente e incômodo. A fisioterapia atua como uma “reeducadora” desse sistema, ensinando novos caminhos para que o líquido possa circular, além de prevenir a rigidez e a perda de movimento que a cicatrização da cirurgia pode causar no ombro e no braço.
Um tratamento que vai além do corpo e toca a alma
O processo de reabilitação, que geralmente dura de três a seis meses, é um trabalho minucioso de reconstrução. Com exercícios específicos, técnicas manuais e orientações posturais, o fisioterapeuta ajuda a devolver a mobilidade, aliviar a dor e melhorar a circulação. A disciplina da paciente em continuar os exercícios em casa é crucial. “Pesquisas apontam que mulheres que mantêm a prática regular dos exercícios recomendados apresentam 50% menos risco de desenvolver complicações tardias”, explica a professora Bruna. É um compromisso diário com a própria recuperação que faz toda a diferença.
No entanto, a recuperação física é apenas uma parte da equação. O câncer de mama abala profundamente a forma como a mulher se vê e se relaciona com seu corpo. A insegurança e a ansiedade são companheiras frequentes. Por isso, o suporte psicológico é tão fundamental quanto a fisioterapia. Ele ajuda a reconstruir a autoestima e a adaptar-se à nova autoimagem, fortalecendo a mulher para que ela se engaje com mais força na reabilitação física. Reconhecendo essa necessidade, a FPB oferece atendimento gratuito à população em sua Clínica Escola de Psicologia, um serviço essencial para a comunidade paraibana.
O Outubro Rosa precisa carregar essa mensagem com a mesma força com que defende a mamografia. O tratamento contra o câncer de mama não termina com a alta hospitalar. A verdadeira vitória sobre a doença não é apenas sobreviver, mas viver plenamente depois dela. E essa plenitude só é possível quando a reabilitação, física e emocional, é tratada como parte inegociável do cuidado, garantindo que a cicatriz no peito não se torne uma cicatriz na vida.
Redação do Movimento PB com informações da Pauta Comunicação
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