Polipílula reduz em 39% risco de recorrência de AVC e impacta prevenção do AVC hemorrágico
Estudo Trident aponta que polipílula reduz em 39% o risco de novo AVC e em 60% o de AVC hemorrágico, segunda maior causa de morte no Brasil.
Polipílula reduz em 39% risco de recorrência de AVC e impacta prevenção do AVC hemorrágico
Um avanço significativo na prevenção secundária do Acidente Vascular Cerebral (AVC) chegou ao conhecimento da comunidade médica com o estudo Trident, coordenado pelo The George Institute for Global Health, da Austrália, e realizado no Brasil pelo Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre. A pesquisa demonstrou que a polipílula — uma combinação tripla de medicamentos anti-hipertensivos — pode reduzir em 39% o risco de recorrência de todos os tipos de AVC em pacientes que já sofreram um AVC hemorrágico previamente.
Redução ainda maior no AVC hemorrágico
Além dessa redução global, o impacto na prevenção do AVC hemorrágico, que é a forma mais grave e letal da doença, foi ainda mais expressivo, apontando uma diminuição de 60% no risco de um novo episódio. O AVC hemorrágico, conhecido tecnicamente como Hemorragia Intraparenquimatosa Aguda (HIP), responde por cerca de 10% dos aproximadamente 12 milhões de novas ocorrências de AVC anuais no mundo e apresenta altíssima taxa de óbito e incapacidade, afetando mais de 60% dos pacientes acometidos.
Contexto e relevância no Brasil
O cenário do AVC no Brasil é alarmante, com cerca de 258 mil novos casos registrados a cada ano, ocupando a segunda posição entre as principais causas de morte no país e sendo a principal causa de incapacidade. No caso do AVC hemorrágico, estima-se que aproximadamente 50 mil pessoas sejam acometidas anualmente, com 80% desses pacientes atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Detalhes do estudo Trident
O Trident é o maior estudo mundial dedicado à prevenção secundária de AVC hemorrágico. Ele envolveu 1.670 participantes que já haviam sofrido esse tipo de AVC. Destes, 833 receberam a polipílula e 837 receberam placebo, sendo acompanhados por um período de três anos. Durante esse tempo, todos seguiram os tratamentos recomendados para o controle da hipertensão e prevenção de novos eventos.
Os resultados confirmam que a polipílula — que combina diferentes anti-hipertensivos regulamentados e comercializados individualmente no Brasil — pode facilitar a adesão ao tratamento, simplificando o regime terapêutico e aumentando a efetividade clínica.
Impactos para o sistema de saúde
Como avalia a neurologista Sheila Martins, uma das coordenadoras do estudo no Brasil, esta abordagem é um potencial divisor de águas: “A polipílula tem a possibilidade de evitar centenas de casos de AVC hemorrágico, reduzindo morbidade, tempo de internação, gastos com saúde e impactos no SUS.”
O estudo evidencia uma estratégia viável para diminuir o peso do AVC hemorrágico, que impõe grande desafio ao sistema público de saúde pelo alto índice de mortalidade e incapacidade associada.
Perspectivas futuras
Os dados foram apresentados pelo professor Craig Anderson no World Stroke Congress, realizado em Barcelona, Espanha, marcando um momento promissor para guiar mudanças nas diretrizes internacionais de tratamento. A expectativa é que essa inovação transforme a prática clínica globalmente, contribuindo para um futuro com menos AVCs e maior qualidade de vida para os pacientes acometidos.
[Da redação do Movimento PB]
MPB-TRIDENT-23062024-9f7b3a8d-v19
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