Os smartwatches estão cada vez mais presentes no cotidiano das pessoas, prometendo monitorar desde a contagem de passos até parâmetros mais complexos, como pressão arterial, oxigenação do sangue e qualidade do sono. Mas será que esses dispositivos são realmente precisos e confiáveis? Especialistas analisam o nível de acurácia das medições e o impacto real desses dispositivos na saúde.
Tecnologia e Métodos de Medição
Os smartwatches utilizam diferentes tecnologias para coletar dados biométricos. A contagem de passos, por exemplo, é realizada por meio de um acelerômetro, que detecta movimentos do pulso. Já para medir a pressão arterial e a oxigenação do sangue, os dispositivos empregam sensores de fotopletismografia (PPG), que emitem luz sobre a pele e analisam a quantidade refletida de volta, permitindo inferir o volume sanguíneo e a saturação de oxigênio.
O VO2 máximo – indicador da capacidade cardiovascular – é estimado combinando dados de frequência cardíaca, GPS e algoritmos de aprendizado de máquina. No entanto, medições laboratoriais são o padrão-ouro, e estudos apontam que os smartwatches apresentam um erro entre 5% e 13% nessa métrica.
Precisão: Quando os Dados São Confiáveis?
As medições de frequência cardíaca e contagem de passos são relativamente precisas, mas quando se trata de parâmetros mais complexos, a confiabilidade cai. O rastreamento do sono, por exemplo, é impreciso devido à necessidade de cruzar múltiplos sinais – frequência cardíaca, respiração e movimentos –, o que pode gerar inconsistências.
A estimativa de gasto calórico é ainda mais problemática. Estudos indicam que a margem de erro pode variar entre 30% e 150%, o que significa que um smartwatch pode indicar um consumo de 1.000 calorias quando, na realidade, o usuário gastou apenas 300.
Impacto Real: Motivação ou Ilusão?
Mesmo que os smartwatches não sejam completamente precisos, pesquisas mostram que eles ajudam a aumentar os níveis de atividade física. Usuários desses dispositivos tendem a dar cerca de 1.800 passos a mais por dia e se exercitam, em média, seis minutos a mais diariamente. O simples monitoramento da atividade cria um senso de responsabilidade e incentivo à mudança de hábitos.
Contudo, a precisão é um fator determinante para a adesão ao uso. Muitos usuários abandonam os smartwatches ao perceberem discrepâncias nos dados apresentados.
O Futuro da Tecnologia
Enquanto os sensores subjacentes não devem passar por grandes revoluções no curto prazo, os algoritmos que interpretam os dados devem se tornar cada vez mais refinados, beneficiando-se da crescente base de usuários. Empresas como Apple e Google trabalham continuamente para aprimorar a precisão das medições, o que pode tornar os smartwatches aliados ainda mais confiáveis na promoção da saúde e bem-estar.
Embora não substituam exames clínicos ou avaliações médicas, os smartwatches já desempenham um papel importante na conscientização sobre hábitos saudáveis, ajudando milhões de pessoas a se manterem mais ativas e informadas sobre sua saúde.
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Da redação do Movimento PB com informações de BBC Brasil