Terapia cognitivo-comportamental pode alterar a estrutura do cérebro, aponta estudo alemão
Pesquisadores identificam aumento da substância cinzenta e melhora significativa em pacientes com depressão
Um estudo conduzido por cientistas da Universidade Martin Luther de Halle-Wittenberg (MLU) e da Universidade de Münster, na Alemanha, trouxe evidências inéditas de que a terapia cognitivo-comportamental (TCC) pode provocar mudanças estruturais no cérebro. Os resultados foram publicados na revista científica Translational Psychiatry.
A pesquisa acompanhou 30 pacientes diagnosticados com depressão aguda que passaram por 20 sessões de TCC. Essa abordagem terapêutica trabalha na identificação e substituição de padrões de pensamento negativos, incentivando formas mais realistas e saudáveis de lidar com emoções e comportamentos.
Resultados da pesquisa
Após as sessões, 19 pacientes deixaram de apresentar sintomas depressivos agudos. Os exames de ressonância magnética revelaram alterações anatômicas específicas em áreas do cérebro associadas ao processamento emocional.
Segundo a psicóloga Esther Zwiky, houve aumento significativo do volume de substância cinzenta na amígdala esquerda e no hipocampo anterior direito. Essas regiões desempenham papel fundamental no controle das emoções e na memória.
Conexão entre mudanças cerebrais e melhora clínica
Os pacientes que registraram maior crescimento da substância cinzenta foram também os que apresentaram redução mais expressiva na desregulação emocional. O estudo sugere, portanto, que as transformações cerebrais estão diretamente ligadas à evolução clínica da depressão.
O professor Ronny Redlich, chefe do Departamento de Psicologia Biológica e Clínica da MLU, explicou que o efeito já havia sido observado em tratamentos com medicamentos e eletroestimulação, mas esta é a primeira vez que a psicoterapia sozinha demonstra impacto direto na estrutura cerebral.
Implicações para o tratamento da depressão
O achado reforça a relevância da psicoterapia como ferramenta terapêutica de primeira linha. Embora medicamentos e métodos de estimulação neural continuem sendo importantes, a pesquisa mostra que a TCC pode literalmente reconfigurar o cérebro, oferecendo esperança para pacientes resistentes a outros tratamentos.
Além disso, o estudo abre espaço para novos biomarcadores de eficácia da psicoterapia, permitindo diagnósticos mais precisos e intervenções personalizadas no futuro.
Um caminho de transformação
O trabalho dos pesquisadores alemães reafirma o que a prática clínica já apontava: cuidar da mente não apenas muda os pensamentos e emoções, mas pode remodelar fisicamente o cérebro. Para quem enfrenta a depressão, isso representa não apenas alívio, mas também a possibilidade real de reconstrução interna.
Com informações traduzidas e adaptadas de estudos da Universidade MLU e Universidade de Münster.
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