Saúde

Trembolona: dos currais às academias, os riscos de um anabolizante que ameaça jovens na Paraíba

A ideia desta reportagem nasceu de forma inesperada: um dos jornalistas do Movimento PB, enquanto aguardava atendimento em uma barbearia de Intermares, em Cabedelo, ouviu uma conversa entre três jovens que chamou a atenção e motivou a investigação.

O relato na barbearia

Um dos rapazes buscava informações sobre a substância trembolona, interessado em iniciar o uso. O outro, mais experiente, fisiculturista e hoje personal trainer do Acre que vive em João Pessoa, decidiu compartilhar seu histórico. Ele descreveu os primeiros meses como um período de euforia: “me sentia como um super-herói, nada poderia me parar”.

O relato, porém, mudou de tom quando mencionou quedas emocionais, mudanças bruscas de humor e, por fim, um episódio em que desmaiou após um pico de pressão — situação que poderia ter resultado em um ataque cardíaco. O susto, aliado aos exames que apontaram sobrecarga no organismo, o fez abandonar a droga. Ainda assim, ele alertou: em várias academias da Paraíba, a substância continua sendo oferecida.

O que é a trembolona

A trembolona é um esteroide anabolizante de uso veterinário, destinado ao gado de corte para acelerar o ganho de massa muscular. Não existe aprovação para uso humano, e sua comercialização clandestina configura crime. Mesmo assim, circula amplamente em academias, especialmente entre jovens em busca de resultados rápidos.

Seu mecanismo de ação promove crescimento muscular acelerado, mas à custa de sobrecarga extrema sobre coração, rins e fígado, além de gerar desregulação hormonal severa.

Consequências no corpo e na mente

Especialistas em endocrinologia destacam que os riscos vão muito além do físico. A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia alerta que a trembolona pode desencadear explosões de agressividade, paranoia e até quadros psicóticos. O médico Renato Redorat observa que “esses compostos, em doses elevadas, destroem o equilíbrio do corpo, causam infertilidade e podem afetar funções cerebrais de forma irreversível”.

Casos pelo Brasil

O relato ouvido na barbearia ecoa situações já registradas em outros estados. Em Belo Horizonte, uma fisiculturista ganhou repercussão nacional após episódios de fúria associados ao uso da trembolona.

Em São José do Rio Preto (SP), um jovem de 26 anos morreu após falência hepática relacionada ao uso de anabolizantes. Em Goiás e no Rio de Janeiro, operações policiais apreenderam frascos da droga vendidos ilegalmente em academias e pela internet, evidenciando a rede de comércio clandestino.

Realidade na Paraíba

Na Paraíba, investigações policiais já apreenderam lotes de anabolizantes ilegais em João Pessoa, Campina Grande e Santa Rita, entre eles a trembolona. Apesar da fiscalização, a droga segue circulando, como confirmou o personal ouvido pela nossa equipe na barbearia.

Um alerta urgente

O episódio testemunhado por um jornalista do Movimento PB revela como a ameaça está próxima e, muitas vezes, invisível. Jovens são seduzidos pelo corpo perfeito e pelo ganho rápido de massa, sem medir os riscos de hipertensão, falência de órgãos e danos mentais severos.

Esta reportagem é um esforço coletivo de nossa redação para transformar uma escuta casual em alerta público: a trembolona não é solução, mas sim uma armadilha perigosa.

Da redação, Movimento PB

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