Soldado do IDF que sobreviveu ao ataque do Hamas no festival Nova deixa o Brasil após tribunal ordenar investigação por supostos crimes de guerra.
Investigação brasileira e fuga apressada
Um soldado das Forças de Defesa de Israel (IDF), sobrevivente do ataque do Hamas ao festival de música Nova em 7 de outubro de 2023, deixou o Brasil às pressas após a Justiça Federal determinar a abertura de uma investigação por possíveis crimes de guerra, segundo informações da mídia brasileira.
Horas antes de sua partida, a família do militar informou à emissora israelense Kan que ele não chegou a ser preso e que recebeu o apoio necessário para deixar o país.
O Ministério das Relações Exteriores de Israel confirmou que o ministro Gideon Sa’ar ordenou que a Seção Consular e a embaixada em Brasília acompanhassem o caso, garantindo a saída segura do soldado e de sua família.
“O Ministério das Relações Exteriores alerta os israelenses sobre postagens em redes sociais relacionadas ao serviço militar, uma vez que elementos anti-Israel podem usá-las para iniciar processos legais infundados contra eles”, destacou o comunicado oficial.
Relato da família e fuga estratégica
O pai do soldado relatou ao Canal 12 que um amigo do filho recebeu uma mensagem de um escritório diplomático israelense alertando sobre um mandado de prisão. “Pedi para eles saírem imediatamente, sem perder mais nenhum segundo”, afirmou o pai.
Em uma mensagem recebida às 5h de domingo, o soldado informou que havia cruzado a fronteira, mas não tinha sinal de celular desde então. “Acredito que eles chegarão em casa em segurança. Precisamos garantir que saibam a verdade sobre o meu filho. Ele não é um suspeito, é um soldado que passou por um inferno”, acrescentou.
O militar sobreviveu ao ataque ao festival Nova fugindo por quilômetros sob tiros contínuos do Hamas até alcançar uma área segura.
Acusação e denúncia formal
De acordo com o portal brasileiro Metrópoles, o soldado está sendo investigado por supostamente ter participado da destruição de um prédio residencial na Faixa de Gaza, utilizando explosivos fora de um contexto de combate, em novembro de 2023.
Nem o Ministério das Relações Exteriores de Israel nem a embaixada em Brasília comentaram diretamente sobre as acusações.
Reações políticas e críticas
O líder da oposição em Israel, Yair Lapid, criticou duramente o governo israelense, classificando o incidente como um “fracasso político grave”.
“Não pode ser que soldados das IDF — sejam eles da ativa ou reservistas — sintam medo de viajar para o exterior por receio de serem presos”, afirmou Lapid. Segundo ele, uma investigação oficial sobre os eventos de 7 de outubro teria protegido o soldado contra tais acusações.
A denúncia da Fundação Hind Rajab
A queixa contra o soldado foi apresentada pela Fundação Hind Rajab, nomeada em homenagem a uma menina de seis anos morta em Gaza em fevereiro de 2024. A organização, que busca responsabilizar soldados israelenses por supostos crimes de guerra, afirma ter reunido mais de 500 páginas de provas contra o militar.
Em uma publicação na plataforma X, a fundação pediu às autoridades brasileiras que prendessem o soldado, alegando que o governo israelense estaria facilitando sua fuga e que evidências estariam sendo destruídas.
A organização utiliza postagens em redes sociais para identificar soldados israelenses que atuaram em Gaza, alertando autoridades locais quando eles viajam para o exterior, na tentativa de viabilizar sua prisão.
No entanto, até o momento, nenhuma das denúncias feitas pela fundação resultou em prisões, embora suas atividades continuem preocupando o Ministério das Relações Exteriores de Israel.
Texto adaptado de The Times of Israel e revisado pela nossa redação.