Astro de Gladiador: O preço do sucesso em meio ao racismo sistêmico

Djimon Hounsou, ator nascido no Benin e indicado duas vezes ao Oscar, revela que, mesmo após uma carreira de três décadas em Hollywood, enfrenta desafios que refletem o racismo estrutural na indústria. Hounsou imigrou para os Estados Unidos em 1990 com o sonho de atuar, mas encontrou um vazio que ia além das dificuldades profissionais: uma desconexão com suas raízes e com a história da diáspora africana.

“A falta de conhecimento sobre quem somos, nossa história e cultura cria um profundo vazio”, disse o ator em entrevista à CNN. Essa percepção se intensificou quando ele assumiu o papel principal em Amistad (1997), de Steven Spielberg, onde a realidade brutal do tráfico de escravos o fez compreender ainda mais a desconexão de afrodescendentes com suas origens.

Uma jornada marcada por desafios

Apesar de protagonizar sucessos como Gladiador (2000), Shazam! (2019) e Diamante de Sangue (2006) — filme que lhe rendeu uma das indicações ao Oscar —, Hounsou relata que enfrentou estereótipos e desigualdades salariais. Ele destaca como, mesmo com reconhecimento crítico, a diversidade em Hollywood ainda tem “um longo caminho a percorrer”.

“Com duas indicações ao Oscar, ainda estou lutando financeiramente para sobreviver. Isso mostra como o racismo sistêmico está profundamente enraizado em todos os níveis da sociedade”, desabafa.

De ator a ativista

As experiências de Hounsou não apenas moldaram sua visão sobre a indústria, mas também impulsionaram seu ativismo. Em 2019, ele fundou a Djimon Hounsou Foundation, uma organização dedicada a unir a diáspora negra, combater a escravidão moderna e reconectar afrodescendentes às suas raízes africanas. Ele acredita que entender e valorizar a ancestralidade é essencial para superar os efeitos duradouros da escravidão.

Hounsou continua a usar sua voz e visibilidade para chamar a atenção para questões sistêmicas que afetam atores negros em Hollywood e para promover iniciativas que celebrem a cultura africana e reforcem os laços com a diáspora. Para ele, o reconhecimento vai além das telas: trata-se de justiça, identidade e transformação social.

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