Rótulos de Calorias Reduzem Consumo Alimentar em Apenas 11 Calorias, Revela Estudo


Redução modesta equivale ao valor de uma única batata frita tipo Pringle, mas pode ter impacto cumulativo na saúde pública.

A inclusão de rótulos com informações calóricas em cardápios e embalagens incentiva escolhas alimentares mais saudáveis, mas seu efeito é limitado: uma redução média de apenas 11 calorias por refeição de 600 calorias, equivalente a uma única batata frita tipo Pringle.

Essa é a conclusão de um estudo que analisou a eficácia desses rótulos em motivar os consumidores a escolherem opções menos calóricas.

“Nosso estudo sugere que a rotulagem calórica leva a uma redução modesta, mas consistente, na quantidade de calorias que as pessoas compram e consomem”, afirmou o Dr. Gareth Hollands, do instituto de pesquisa social da University College London, coautor da pesquisa.

Resultados e Impactos

A análise, publicada pela Cochrane Library, avaliou 25 estudos envolvendo mais de 10 mil pessoas em países como Reino Unido, França e Estados Unidos. Em média, a rotulagem resultou em uma redução de 1,8% no consumo calórico total, o que equivale a 11 calorias por refeição ou duas amêndoas.

Apesar do impacto limitado em cada refeição, especialistas destacam o potencial acumulado dessa mudança para a saúde pública. “Embora o impacto seja modesto, em nível populacional, ele pode contribuir significativamente para a saúde pública”, ressaltou a Dra. Natasha Clarke, da Bath Spa University, principal autora do estudo.

Obrigatoriedade e Críticas

No Reino Unido, desde abril de 2022, grandes estabelecimentos com mais de 250 funcionários são obrigados por lei a exibir informações calóricas em seus cardápios, incluindo plataformas online e aplicativos de delivery.

No entanto, a medida enfrenta críticas. A UKHospitality, que representa pubs e restaurantes, argumenta que a obrigatoriedade trouxe altos custos para os negócios, sem benefícios significativos. “A política aumentou os custos para os negócios, com muitos gastando milhares de libras por ano. O governo deveria revisar essa regra”, declarou Kate Nicholls, diretora-executiva da entidade.

Já a Federação de Alimentos e Bebidas defende os rótulos como uma ferramenta útil para ajudar os consumidores a compreender os nutrientes e calorias que ingerem. Porém, reconhece que “a rotulagem sozinha não é suficiente para enfrentar a complexa questão da obesidade”.

Divergências entre Especialistas

O impacto dos rótulos na luta contra a obesidade é alvo de debate. O professor Tom Sanders, especialista em nutrição do King’s College London, questiona se mudanças tão pequenas podem influenciar o peso corporal a longo prazo. Segundo ele, a perda de peso exige uma redução diária de pelo menos 200 calorias por um período prolongado. Além disso, os consumidores podem perder o interesse em longo prazo.

Por outro lado, Amanda Daley, professora de medicina comportamental na Universidade de Loughborough, acredita que os rótulos têm um papel a desempenhar. “Essas pequenas reduções podem se acumular e contribuir para a redução do excesso de peso na população”, explicou.

Embora os rótulos de calorias sejam uma ferramenta útil, especialistas concordam que eles devem ser complementados por outras estratégias para combater a obesidade.


Traduzido e adaptado de The Guardian

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