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Zuckerberg é acusado de aliança com Trump e Musk contra Brasil e UE após anúncio sobre fake news

Secretário de Políticas Digitais do governo Lula critica decisão da Meta de flexibilizar combate a desinformação e alerta para riscos globais.

O governo Lula reagiu nesta terça-feira (7) ao anúncio de Mark Zuckerberg, CEO da Meta, sobre a flexibilização na moderação de conteúdos e o fim das checagens de fake news no Facebook e Instagram. O secretário de Políticas Digitais, João Brant, criticou a decisão por meio de uma postagem no X, destacando que a medida parece alinhar Zuckerberg com Donald Trump e Elon Musk em uma agenda contrária às políticas regulatórias defendidas pelo Brasil e pela União Europeia.

Durante o anúncio, Zuckerberg adotou um tom semelhante ao de Elon Musk, dono do X e aliado de Trump, ao criticar a mídia, governos europeus e a administração de Joe Biden. Segundo ele, houve uma crescente pressão por “censura” ao que é publicado nas redes sociais, especialmente após as eleições presidenciais americanas de 2016.

João Brant afirmou que a declaração do CEO da Meta “antecipa o início do governo Trump” e representa uma aliança clara contra países que defendem a proteção de direitos no ambiente digital. O secretário destacou ainda a fala de Zuckerberg sobre supostas “cortes secretas” na América Latina que ordenariam a restauração de publicações. Apesar de o CEO não ter mencionado explicitamente o STF brasileiro, essa é uma das principais críticas feitas por Elon Musk ao tribunal brasileiro.

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O secretário alertou que substituir checadores de conteúdo por notas da comunidade, semelhante ao sistema implementado por Musk no X, pode transformar as plataformas da Meta em um espaço aberto para desinformação. “Facebook e Instagram vão se tornar plataformas que vão dar total peso à liberdade de expressão individual e deixar de proteger outros direitos individuais e coletivos. A repriorização do ‘discurso cívico’ significa um convite para o ativismo da extrema-direita”, afirmou Brant.

Para o representante do governo brasileiro, o anúncio da Meta reforça a necessidade de articulação global em fóruns como ONU, Unesco, G20 e OCDE para garantir a integridade das informações online.

Após a decisão de Zuckerberg, a International Fact-Checking Network (IFCN), organização global que reúne checadores de fatos, divulgou um comunicado classificando a mudança como prejudicial aos usuários das redes sociais. A entidade destacou que o jornalismo de checagem nunca censurou ou removeu postagens, mas adicionou contexto e informações verificadas a conteúdos duvidosos.

“A decisão parece ser resultado de forte pressão política de uma nova administração e seus apoiadores. Os checadores de fatos não foram tendenciosos em seu trabalho — essa linha de ataque vem daqueles que querem liberdade para exagerar e mentir sem contestação”, declarou a IFCN.

A mudança nas políticas da Meta ocorre em um momento de intenso debate global sobre a regulamentação das plataformas digitais e o impacto das redes sociais na disseminação de desinformação.

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Texto adaptado de AFP e revisado pela nossa redação.

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